2º DOMINGO DA QUARESMA: A TRANSFIGURAÇÃO

No Monte Tabor, a transfiguração de Jesus fortalece nossa fé. Passar pela Paixão e Cruz é condição para chegar à Luz da Vida e da Ressurreição.

Em Gn 15,5-12.17s, a fé Abraão nos ensina confiar em Deus, aceitar seus planos e se pôr a seu serviço. Já velho, sem filhos e sem-terra, ele parece fracassado, mas Deus lhe garante a Posse da Terra e uma descendência numerosa.

Em Fl 3,17-4,1, apesar do que via na comunidade, Paulo tem Fé na transfiguração: Cristo transformará nosso corpo humilhado e o tornará igual a seu corpo glorioso.

Em Lc 9,28b-36 a fé dos apóstolos é fortalecida na Transfiguração de Jesus, que vai a Jerusalém com os Apóstolos. O 1o anúncio da Paixão provoca uma crise profunda nos Apóstolos que veem suas esperanças messiânicas triunfalistas caírem. Para reanimar a sua fé abalada, Jesus os leva à oração, na montanha, lugar sagrado, onde Deus revela-se. A transfiguração mostra que o encontro com Deus deixa marcas visíveis no rosto das pessoas, como em Moisés no Sinai. Ao descer do monte, uma nova energia inunda Jesus e os apóstolos, a caminho de Jerusalém, até a crucificação. A Voz do Pai confirma: Este é o meu filho amado, escutai-o!

Na oração de Jesus, na montanha, aparecem Moisés e Elias que falam do que vai acontecer, conforme a Lei e os Profetas. Os três discípulos dormem quando Jesus fala em dar a própria vida. Pedro propõe três tendas para ficar ali em contemplação. Mas, Jesus os leva a descer o monte e a caminhar. Não se pode parar na tenda. É preciso sair e enfrentar os desafios. Moisés e Elias desaparecem. O AT cumpriu sua tarefa. Jesus fica sozinho. Da nuvem sai uma Voz: Este é meu Filho, Escutai-O!

Os três discípulos fazem a experiência da transfiguração, mas não aceitam que o triunfo de Cristo passe pela Cruz e a dor; testemunham a transfiguração, mas não se dispõem a descer à terra e enfrentar os problemas; eles representam os que olham para o céu, e não para a terra, sem vontade de agir para transformá-la.

Como entender a Cruz diante da transfiguração? Costumamos fugir da Cruz. Aceitamos com alegria o Tabor, e não o Calvário. Para reanimar nossa fé, Deus nos leva ao Tabor, à sua beleza e sua glória. O Tabor é passageiro para que possamos ser testemunhas vivas do que nos espera.

Todo Domingo é nosso Tabor: A transfiguração no domingo, Dia do Senhor, é o dia da comunidade que ouve a Palavra, parte o Pão, sobe a Montanha para contemplar Cristo Ressuscitado, escutar sua voz e se transfigurar, para descer a Montanha (sair da igreja) e prosseguir o caminho transfigurados, dispostos a enfrentar o mundo e seus problemas.

 

+ Dom Antonio Emidio Vilar, SDB