57ª AG – 2019

Reprodução: CNBB

Novas Diretrizes da Ação Evangelizadora são lembradas em missa no Santuário

Como acontece todos os dias desde o começo da 57ª Assembleia Geral dos Bispos, foi celebrada hoje, 4 de maio, às 7h30min, no Santuário Nacional, a Santa Missa, destinada tanto aos clérigos participantes do evento da CNBB quanto aos fiéis devotos presentes em Aparecida.

A celebração foi presidida por dom José Belisário da Silva, arcebispo de São Luís (MA), e teve como concelebrantes Dom Francisco de Sales Alencar Batista, Bispo de Cajazeiras (PB), dom Joel Portella Amado, bispo Auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ), e demais bispos pertencentes à comissão responsável pela temática central desta Assembleia, que é o estudo, a discussão e a aprovação das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para os anos de 2019 a 2023.

Inicialmente, a homilia baseou-se na primeira leitura (Atos 6,1-7), em que é relatado o episódio do descontentamento por parte dos fiéis de origem grega em relação aos fiéis de origem hebraica, que argumentavam que suas viúvas eram deixadas de lado no atendimento diário e, portanto, recebiam um tratamento menos atencioso por parte dos apóstolos.

“A primeira leitura traz o primeiro problema interno enfrentado pela comunidade cristã. O que fazer diante desse problema? Os problemas das comunidades são enfrentados e solucionados à medida que vão surgindo. Não é prudente se antecipar aos problemas. É preciso deixar que eles surjam. A comunidade procura discernir qual o melhor caminho”, afirmou dom Belisário.

Ao continuar sua explanação, o arcebispo de São Luís disse que, diante da queixa apresentada pelos fiéis de língua grega, que se sentiam prejudicados, todos colaboraram democraticamente. Os apóstolos, por sua vez, tinham consciência de que não podiam fazer tudo e, a partir daí, surge a solução: por meio da convocação de uma assembleia – inspiração para os trabalhos dos dias atuais –, decide-se pela criação de um novo ministério na comunidade, o diaconato.

No desenvolver de seu pensamento, o religioso sustenta que há quem queira ver nesse episódio um motivo para que a Igreja hierárquica, hoje, fique longe das questões sociais e se dedique exclusivamente à oração e à pregação. Para tanto, cita-se como base o versículo 2 do referido texto, em que os apóstolos dizem: ‘não está certo que deixemos a pregação da Palavra de Deus para servir as mesas’.

“Acho que essa compreensão é equivocada por dois motivos: primeiro porque no trecho bíblico em questão se desconhece a divisão entre leigos e pessoas ordenadas. Além disso, os novos ministros, que são os diáconos, não se ocuparão somente dos serviço às mesas: Estevão, um dos sete diáconos, era um grande anunciador da Palavra, e também Filipe, que é o primeiro que leva o Evangelho aos gentios”, afirmou dom Belisário.

Assim, segundo D. Belisário, os problemas na Igreja precisam ser resolvidos por meio do diálogo. Dessa forma, a compreensão da leitura bíblica denota que a evangelização dos apóstolos e dos novos ministros inclui o anúncio e também a realização do projeto de Deus na vida de cada dia.

O arcebispo, ao refletir sobre a passagem bíblica do Evangelho (Jo 6,16-21), na qual os apóstolos, enquanto estavam na barca, sentiram muito medo ante os ventos fortes e o mar bravio, ressalta elementos simbólicos: a noite que cai, o mar agitado, Jesus ausente. “O que é preciso aquietar? O mar agitado ou os temores internos dos discípulos? Porque Jesus diz: ‘Não tenham medo’. As nossas tempestades certamente são de ordem externa, no mundo em que vivemos, porém também são de ordem interna. ‘Não tenham medo’. Vamos nos aquietar!”

As Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil inspiram-se também no livro dos Atos dos Apóstolos, que dizem que os discípulos eram perseverantes. Da mesma forma, afirma dom Belisário, a humanidade hoje também é convidada a ser perseverante, apesar das dificuldades, das questões, dos problemas de ordem externa e de ordem interna. “Nós também temos que nos basear na Palavra de Deus, na fração do pão, nas orações, na importância da liturgia, na importância da celebração eucarística”.

Ele destaca ainda que os apóstolos dedicavam o serviço à vida plena. “Afinal, Jesus disse: ‘Que todos tenham vida. E vida em abundância’. Porém, se diz também no livro dos Atos, que Filipe, passando adiante, anunciava o Evangelho a todas as criaturas. Ações missionárias! A grande inspiração para a Igreja é a missão. No entanto, é preciso traduzir nossa missão no tempo e nos lugares. Ações missionárias concretas! A Palavra de Deus hoje certamente pode nos inspirar para que tenhamos uma boa recepção das novas Diretrizes e inspire igualmente a todos os segmentos e realidades eclesiais ao longo do próximo quadriênio”, concluiu.

Por padre José Ferreira

Fonte: CNBB

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