A Igreja celebra nesta quarta-feira, 22 de novembro, a memória litúrgica de Santa Cecília, considerada padroeira da música e da música sacra. Embora tenha sido acolhida pela Igreja como patrona dos músicos, o assessor da música Litúrgica da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), irmão jesuíta Fernando Vieira afirma que a história da santa “pouco tem a ver com a música”, isso porque de acordo ele, deduz-se que por Cecília ser de uma família aristocrata tocasse algum instrumento, assim como era comum na época, o que não é comprovado.
O fato é que a devoção à sua santidade avançou pelos séculos e hoje Cecília é uma das mais veneradas pelos fiéis cristãos, do Ocidente e do Oriente. “É um dia de celebração para todos os que se dedicam à música, mas música de verdade! É também um momento para refletirmos como anda a música em nossas liturgias”, disse. Segundo o irmão canta-se de tudo e, muitas vezes com mau gosto e sem qualidade. “Toca-se tudo e canta-se de qualquer jeito, tudo muito barulhento”, adverte.
Na ocasião, o assessor de música da CNBB também enfatizou a importância da qualificação em Música. “Cuidar para que haja instrumentos em perfeito funcionamento é importante, mas tem que haver também um investimento em pessoas que saibam realmente o que é música, que tenham estudos ou estejam estudando, aproveitar essa mão de obra qualificada”, finalizou.
História – Nascida em Roma, no século II, Cecília era de uma família nobre. De acordo com as atas de seu martírio, desde criança era cristã e muito temente a Deus. Por amor, decidiu consagrar sua pureza ao Senhor, fazendo o voto de virgindade. Na adolescência, Cecília chamou a atenção do jovem Valeriano, com quem foi obrigada a casar. Mesmo assim, em seu coração, pedia à Virgem Maria para lhe ajudar a guardar seu compromisso de castidade.
Após o casamento, contou ao marido que era cristã e que sua virgindade era protegida por um anjo, seu fiel protetor e companheiro nos cantos constantes em louvor a Deus. A presença do anjo pôde ser constatada por Valeriano, que um dia chegou em casa e viu sua esposa rezando e, ao seu lado, o anjo da guarda. Diante da visão, ele também se abriu a Cristo, e foi batizado pelo papa Urbano, junto com seu irmão, escondidos nas catacumbas por causa das perseguições aos cristãos.
Depois de denúncias, as autoridades romanas descobriram a conversão de Valeriano e de seu irmão, e os decapitaram. Também Cecília foi presa, e condenada à morte por não renegar a fé em Cristo. Primeiro, tentaram matá-la em uma câmara de vapores e milagrosamente nada aconteceu. Depois, o carrasco deu três golpes em seu pescoço ferindo-a mortalmente, mas sem conseguir decapitá-la. Após três dias, onde animou a fé dos cristãos da época, ela faleceu. Seu corpo foi enterrado nas catacumbas e, por volta de 820, foi verificado que permanecia intacto. Depois, em 1559, o cardeal Sfondrati ordenou nova abertura do túmulo, e o corpo permanecia o mesmo, incorruptível. Em 1594, o papa Gregório XIII a nomeou como patrona dos músicos.