Cidade do Vaticano
“A vocês, queridos cientistas e amigos da Ciência, foram confiadas as chaves do conhecimento”, disse o Papa Francisco aos oitenta participantes da plenária da Pontifícia Academia das Ciências que teve início, nesta segunda-feira (12/11), na Casina Pio IV, no Vaticano.
Os acadêmicos, provenientes de vários países, crenças religiosas e convicções ideológicas, foram recebidos pelo Pontífice, na Sala do Consistório, no âmbito da assembleia do organismo vaticano que prossegue até o próximo dia 14.
“Eu gostaria de ser ao lado de vocês, advogado dos povos aos quais não chegam os benefícios do vasto conhecimento humano e suas conquistas, especialmente em questões de alimentação, saúde, educação, conectividade, bem-estar e paz”, disse Francisco.
Deter a corrida armamentista
“Há ainda um longo caminho a ser feito para um desenvolvimento integral e sustentável”, frisou o Papa, impossível “sem uma mudança de estilo de vida”, conforme recomendado na Encíclica Laudato si’, onde algumas “propostas-chave são formuladas para alcançar “esse objetivo”:
“Faltam vontade política e determinação para deter a corrida armamentista e por fim às guerras, para passar com urgência às energias renováveis, aos programas voltados a garantir água, alimento e saúde para todos, a investir os enormes capitais que permanecem inativos em paraísos fiscais no bem comum.”
Servir a família humana
A comunidade científica faz parte da sociedade e não deve se considerar separada e independente, mas “servir a família humana”, consciente de que “as mudanças globais são cada vez mais influenciadas pelas ações humanas”.
“São necessárias também respostas adequadas para a tutela da saúde do planeta e dos povos”, colocados em risco por todas as atividades que envolvem o uso de combustíveis fósseis e o desmatamento dos territórios.
“A comunidade científica, assim como fez progressos na identificação desses riscos, é agora chamada a propor soluções válidas e persuadir as empresas e seus líderes a persegui-las”.
Imensa crise das mudanças climáticas
Nesta missão confiada aos cientistas, o Papa evidenciou, além “da imensa crise das mudanças climáticas”, “a ameaça nuclear”, reiterando “a importância fundamental” de trabalhar em favor de um mundo sem armas atômicas, pedindo-lhes para “convencer os
governantes sobre a não aceitação ética de tais armas por causa dos danos irreparáveis ??que causam à humanidade e ao planeta”. “Um desarmamento do qual não se fala muito hoje nas mesas em que se tomam grandes decisões”.
A inquietação saudável dos cientistas de hoje
Quanto ao papel da comunidade científica no mundo atual, Francisco disse que “a bela segurança da torre de marfim dos tempos modernos foi substituída, em muitos, por uma inquietação saudável. Por isso, o cientista, hoje, é mais facilmente aberto aos valores religiosos e vê, além das aquisições da Ciência, a riqueza do mundo espiritual dos povos e a luz da transcendência divina”.
Fonte: Vatican News