“Aquilo que a Igreja no seu todo, no seu magistério reflete, partilha, como eco também do conjunto da Igreja e dá orientações para a liturgia, deve ser acatado como o caminho a seguir, porque é o caminho da Igreja”, diz o cardeal Caboverdiano, Dom Arlindo Gomes Furtado.
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
No nosso espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio Vaticano II, propomos hoje o tema “Igreja nos ajuda a descobrir em conjunto o passo a seguir e as expressões mais adequadas no nosso tempo”.
No programa passado, falamos sobre a necessidade de encontrar um ponto de equilíbrio entre “os dois extremos do pêndulo na liturgia”. Recordamos na ocasião que não há um juízo unânime sobre as reformas efetivamente realizadas com a Constituição Sacrosanctum Concilium. No que tange aos novos livros litúrgicos elaborados, por exemplo, muitos consideram que estes refletem demasiado o espírito da nova teologia sem levar suficientemente em consideração a tradição. Outro grupo, por sua vez, lamenta de que ainda não se tenha ampliado o quadro estreito da visão rubricista e que se tenha assim fixado definitivamente nos novos livros litúrgicos, elementos que ainda não tinham sido provados e que por esta causa pareciam até duvidosos.
Ao encontrar os participantes da Assembleia Plenária da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos na quinta-feira, 14 de fevereiro, o Papa Francisco alertou para o risco de acabar – quer na liturgia como em outros âmbitos da vida – em “estéreis polarizações ideológicas”. “Começando quem sabe pelo desejo de reagir a algumas inseguranças do contexto atual – advertiu, referindo-se à liturgia – corre-se o risco de voltar-se a um passado que não existe mais ou de fugir para um futuro presumido como tal”.
O cardeal caboverdiano Dom Arlindo Gomes Furtado, presente no encontro com com o Santo Padre, falou-nos sobre a importância desta busca de equilíbrio:
“O Papa insistiu e nós também aprofundamos este aspecto, de que a liturgia não depende, digamos, do gosto pessoal de cada um, não se sente no “eu”, mas no “nós” da Igreja. Liturgia é uma expressão de Igreja, é uma vivência de Igreja, da sua relação com Deus, e naturalmente tem a sua repercussão na relação com tudo o que fazemos, toda a nossa vida deve exprimir isto. Por isso, a Igreja procura falar uma linguagem comum, uma linguagem partilhada. E digo …. a centralidade de Jesus Cristo. Mas é o “nós” com Jesus Cristo, não é o “eu” com Jesus, o “eu” com Deus. Isso não exprime o espírito e a realidade da liturgia. Por isso, aquilo que a Igreja no seu todo, no seu magistério reflete, partilha, como eco também do conjunto da Igreja e dá orientações para a liturgia, deve ser acatado como o caminho a seguir, porque é o caminho da Igreja. E nós fazemos o nosso caminho em Igreja, para reforçar a Igreja, sempre seguindo a cabeça que é Jesus Cristo que deu à Igreja um serviço para o bem de todos. Portanto, o não exagero na questão de nos fixarmos numa metodologia, numa modalidade, ou numa expressão litúrgica, mas a Igreja nos ajuda a descobrir em conjunto o passo a seguir e as expressões mais adequadas no nosso tempo, para exprimir e aprofundar e revigorar a nossa vivência comum Jesus Cristo”.
Fonte: Vatican News