Artigo do Bispo: 4º Domingo da Páscoa – O Bom Pastor

O Bom Pastor vai à frente do rebanho no caminho, o conduz a pastagens e nascentes de água. Na Bíblia, a imagem do pastor era muito familiar. Muitos líderes foram pastores: Jacó, Moisés, Davi. Deus se apresenta como Pastor e Israel como rebanho. Ezequiel diz que Deus conduz o seu povo. Deus porá à frente de seu povo um Bom Pastor que o livrará da escravidão e o conduzirá à vida. Essa promessa se cumpre em Jesus.

Em At 13,14.43-52, na 1ª viagem apostólica de Pedro e Barnabé, a Palavra de Deus que anunciam tem duas reações opostas: os judeus se fecham às propostas cristãs, pois querem o monopólio de Deus e da Verdade, e os pagãos reagem com alegria e entusiasmo: ouvem a voz do Pastor e o seguem. Os praticantes acomodados tem medo da novidade de Deus, e os afastados na caminhada da fé se abrem à novidade de Deus.

– Em Ap 7,9.14b-17, Cristo, o Cordeiro pascal, vencedor da morte, é o Pastor que conduz o seu povo às fontes de água viva.

Em Jo 10,27-30, na parábola do Bom Pastor Cristo tem a Missão de conduzir todos a pastagens verdejantes e fontes cristalinas de onde brota vida em plenitude.

Aí vemos duas atitudes, a do Bom Pastor e a das ovelhas:

1) A Atitude do Pastor que dá a vida pelas ovelhas, as conhece: Eu conheço as minhas ovelhas, e cuida delas: Jamais se perderão, ninguém vai arrancá-las de minhas mãos. – Como lidar com os representantes da Igreja que erram, tem crises e fazem confusão? Os pastores são humanos, instrumentos de que Deus se serve, são necessários, mas imperfeitos. A Igreja não depende só deles, pois está nas mãos do único pastor que guia a Igreja e que garante: “Eu mesmo dou a vida por elas e ninguém vai arrancá-las de minhas mãos.” – Os verdadeiros Pastores são conhecidos por seus frutos em suas vidas doadas pelo rebanho. Há pastores que prometem conforto, felicidade e que ao invés de servir o rebanho, se servem dele.

Cristo é o único Pastor da Igreja na qual os pastores são instrumentos que presidem as comunidades e que se doam pelo rebanho: pais, ministros, catequistas, agentes de pastoral, padres, bispos e missionários que levam a mensagem de Cristo, apesar de seus limites, que tudo suportam com paciência e amor, e educam para o perdão, a reconciliação, a partilha. O Bom Pastor abre caminho, conhece suas ovelhas, vigia as ovelhas e as cura, é providente em salvar o rebanho: o Bom Pastor dá a vida por suas ovelhas.

2) As Ovelhas escutam, aceitam, obedecem, escolhem e seguem a vida que o Bom Pastor propõe; elas O conhecem (mente, coração, vontade), e se deixam transformar por Ele. As Ovelhas, mais que batizados e agentes, são todos os que escutam a sua voz e O seguem. Pode ser discípulo também quem, mesmo não conhecendo Cristo, se sacrifica pelo pobre, pratica a justiça, a fraternidade, a partilha dos bens, a hospitalidade, a fidelidade, a sinceridade, a não violência, o perdão aos inimigos, o compromisso com a paz.

Neste IVº Domingo da Páscoa, domingo do Bom Pastor, celebra-se o 59º Dia Mundial de Oração pelas Vocações religiosas, sacerdotais e leigas. Em sua mensagem o Papa apresenta cada «vocação», no contexto duma Igreja sinodal que se coloca à escuta de Deus e do mundo. «Vocação», aqui, não se trata apenas de escolher esta ou aquela forma de vida, este ministério ou carisma de uma família religiosa, movimento ou comunidade eclesial; trata-se, sim, de realizar o sonho de Deus, o grande desígnio da fraternidade que Jesus tinha no coração quando pediu ao Pai «que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Cada vocação na Igreja e na sociedade, tem um objetivo comum: fazer ressoar entre os homens e as mulheres a harmonia dos múltiplos e variados dons que só o Espírito Santo realiza. Sacerdotes, consagradas e consagrados, fiéis leigos, caminhemos e trabalhemos juntos, para testemunhar que uma grande família humana unida no amor não é uma utopia, mas o projeto para o qual Deus nos criou!

 

Dom Antonio Emidio Vilar, SDB
Bispo Diocesano de São José do Rio Preto/SP