A urgência hoje é promover em todos os modos os cuidados paliativos porque fazem com que a medicina redescubra a sua missão de curar sem nunca abandonar e fazem redescobrir à cultura a paixão de viver juntos e não de descartar quem que se encontra em dificuldades.
Silvonei José – Cidade do Vaticano
Na última segunda-feira, dia 28 de outubro, foi apresentada aqui em Roma a Declaração Conjunta dos representantes das religiões monoteístas abraâmicas sobre os problemas do fim da vida.
Uma declaração “histórica”, disse o arcebispo dom Vincenzo Paglia, Presidente da Pontifícia Academia para a Vida, descrevendo o documento assinado no Vaticano.
Apresentando o texto em Roma, na Sala de Imprensa Estrangeira, junto com o rabino que tinha proposto o documento ao Papa Francisco, Avraham Steinberg, co-presidente do Conselho Nacional de Bioética de Israel, e Marsudi Syuhud, presidente do Comitê Executivo de Nahdlatul Ulama, uma organização muçulmana indonésia com mais de 50 milhões de membros, dom Palgia destacou que é “a primeira vez” em que judeus, cristãos e muçulmanos “assinam juntos uma declaração em defesa da vida, uma declaração que ama a vida até o último passo, que é a morte”:
Nunca tinha acontecido isso e depois do Concílio Vaticano II e na sequência do impulso do Papa Francisco com a declaração de Abu Dhabi, chegou-se a uma declaração conjunta. Um ano e meio de trabalho, de “intercâmbios e encontros”, numa dimensão de “diálogo comum” que levou a uma convergência entre as três religiões, para além das diferenças.
O Papa – explicou dom Paglia ao Vatican News – ficou muito contente e feliz com este documento, porque viu que o caminho da fraternidade universal dava mais um passo e por isso disse para continuar, porque somos peregrinos em direção de um encontro fraterno por parte de todos os povos e de todos os crentes. O Pontífice – continuou dom Paglia – já me tinha dito no início, quando me confiou a tarefa de elaborar conjuntamente este texto, de quanto são necessários gestos fraternos para ajudar o mundo a ser menos dividido e mais solidário.
A urgência hoje é promover em todos os modos os cuidados paliativos porque fazem com que a medicina redescubra a sua missão de curar sem nunca abandonar e fazem redescobrir à cultura a paixão de viver juntos e não de descartar quem que se encontra em dificuldades. No documento assinado pelos representantes das três religiões monoteístas abraâmicas é incentivada a promoção de cuidados paliativos em universidades de todo o mundo, oferecendo o texto da Declaração também a outras religiões. “Há contatos em diferentes níveis”, disse dom Paglia. “Já tivemos contato na África, quando fui falar com os responsáveis pelos cuidados paliativos africanos; em Houston, nos EUA, com hospitais católicos e protestantes; no Brasil, com os responsáveis pelos hospitais católicos. E vamos continuar agora com algumas universidades italianas a fim de promover os cuidados paliativos também a nível universitário”.
A Declaração põe no papel a rejeição e a oposição a todas as formas de eutanásia e de suicídio medicamente assistido, porque “age em total contradição com o valor da vida humana”, “ações erradas do ponto de vista moral e religioso” que devem ser proibidas sem exceções. No encontro com os jornalistas, reafirmou-se o compromisso da comunidade muçulmana com a defesa da vida humana, citaram-se as leis sobre o fim da vida em alguns países, europeus e estrangeiros, ressaltando que o termo eutanásia muitas vezes indica uma definição de “doce morte” e não de “homicídio”.
A expressão ‘doce morte’ é usada no final para encurtar a vida, para tirá-la, destacou dom Paglia: “é uma amarga traição daquele amor que sempre quer fazer as pessoas viverem – e viverem bem – e não eliminar quem se ama”.
Fonte: Vatican News