A piedade popular

Fiel com o Terço na mão, uma pia oração da tradição cristã católica, expressão da espiritualidade popular

 

“Esta maneira de expressar a fé está presente de diversas formas em todos os setores sociais, em uma multidão que merece nosso respeito e carinho, porque sua piedade reflete uma sede de Deus que somente os pobres e simples podem conhecer”, lê-se no Documento de Aparecida, 258.
Raimundo de Lima – Cidade do Vaticano

Amigo ouvinte, na quinta-feira, 29 de novembro, recebendo no Vaticano cerca de 600 participantes do Encontro Internacional de Reitores e Colaboradores de Santuários, o Papa – citando um bispo italiano – disse que “a piedade popular é o sistema imunitário da Igreja”.

Dirigindo-se aos presentes, Francisco disse que “os santuários são insubstituíveis, pois mantêm a piedade popular viva, enriquecendo-a com uma formação catequética que sustenta e robustece a fé, alimentando – ao mesmo tempo – o testemunho da caridade”.

O Santo Padre disse ainda que é importante manter a piedade popular viva e não esquecer, a propósito, o que diz a Evangelii Nuntiandi, em cuja Exortação apostólica de 8 de dezembro de 1975 o Papa São Paulo VI, no número 48, mudou o nome de “religiosidade popular” para “piedade popular”.

No Jubileu dos Agentes de Peregrinações e Reitores de Santuários, falando aos participantes em 21 de janeiro de 2016, no Vaticano, o Papa fez a mesma observação, ressaltando que no referido documento magisterial Paulo VI fala de “religiosidade popular”, mas afirma que é melhor dizer “piedade popular”.

Naquela ocasião Francisco acrescentou que o episcopado latino-americano no Documento de Aparecida (DA) deu um passo a mais e falou de “espiritualidade popular”. “Os três conceitos são válidos, mas juntos”, observou.

A propósito do Documento de Aparecida, recorremos diretamente a ele para ver o que este nos diz a respeito nos números 37, 258 e 549:

“Em nossa cultura latino-americana e caribenha conhecemos o papel tão nobre e orientador que a religiosidade popular desempenha, especialmente a devoção mariana, que contribuiu para nos tornar mais conscientes de nossa comum condição de filhos de Deus e de nossa comum dignidade perante seus olhos, não obstante as diferenças sociais, étnicas ou de qualquer outro tipo” (DA, 37).

“Esta maneira de expressar a fé está presente de diversas formas em todos os setores sociais, em uma multidão que merece nosso respeito e carinho, porque sua piedade reflete uma sede de Deus que somente os pobres e simples podem conhecer. A religião do povo latino-americano é expressão da fé católica. É um catolicismo popular, profundamente inculturado, que contem a dimensão mais valiosa da cultura latino-americana”, lê-se no DA, 258.

Por fim, em sua conclusão no nº 549 o documento afirma que “Para nos converter em uma Igreja cheia de ímpeto e audácia evangelizadora, temos que ser de novo evangelizados e fiéis discípulos. Conscientes de nossa responsabilidade pelos batizados que deixaram essa graça de participação no mistério pascal e de incorporação no Corpo de Cristo sob uma capa de indiferença e esquecimento, é necessário cuidar do tesouro da religiosidade popular de nossos povos para que nela resplandeça cada vez mais ‘a pérola preciosa’ que é Jesus Cristo e seja sempre novamente evangelizada na fé da Igreja e por sua vida sacramental. É preciso fortalecer a fé ‘para encarar sérios desafios, pois estão em jogo o desenvolvimento harmônico da sociedade e da identidade católica de seus povos’”.

E com esta passagem do Documento de Aparecida concluímos a edição de hoje de o “Brasil na Missão Continental”.

Fonte: Vatican News

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