As origens do Consistório e da figura dos cardeais

 

Consistório e cardeais: uma história que viaja no tempo

As origens do Consistório e da figura dos cardeais: uma viagem no tempo para compreender a riqueza de hoje. Papa Francisco no Consitório de 2017: “Ele chama-vos para servir como Ele e com Ele, para servir ao Pai e aos irmãos”.

Cidade do Vaticano

Nesta quinta-feira (28/06) no Consitório Ordinário público serão criados pelo Papa Francisco14 novos cardeais. A história do cardinalato há origens longínquas. A palavra deriva do latim “cardo/cardinis”, em português “gonzo ou eixo”, algo que gira, neste caso em torno do Papa. De fato, o papel dos cardeais está estreitamente ligado não apenas com a eleição do Pontífice, mas à colaboração com o Papa na sua função de Pastor da Igreja universal, como explica oCódigo de Direito Canônico em mérito.

A origem dos cardeais

Na Igreja antiga o Papa tinha como colaboradores alguns presbíteros responsáveis pelo cuidado das mais antigas igrejas de Roma, diáconos que administravam o Palácio Laterano e os sete departamentos de Roma, e os bispos suburbicários, ou seja das dioceses próximas de Roma. A partir dos colaboradores nasceram os cardeais e as três ordens: os cardeais-bispos, os cardeais-presbíteros e os cardeais-diáconos. Mas foi com Nicolau II em 1059 que a eleição foi reservada apenas aos cardeais bispos romanos e não mais ao clero da Diocese de Roma. Em 1179, Papa Alexandre III ampliou este direito a todos os cardeais, e foi no século XII que começaram a ser nomeados cardeais também os prelados residentes fora de Roma.

Quem pode se nomeado cardeal

Até o século XX os leigos também podiam ser nomeados cardeais e logo depois recebiam a ordenação diaconal, mas em 1918 Bento XV decidiu que todos os cardeais deveriam ser ordenados presbíteros. João XXIII decidiu que deveriam ser ordenados bispos. Atualmente os cardeais podem ser livremente eleitos pelo Papa entre os clérigos que tenham recebido pelo menos o presbiterado. De fato, os últimos três Papas, elevaram à dignidade cardinalícia também sacerdotes com mais de 80 anos, portanto sem direito ao voto no Conclave.

O Consistório

Os novos cardeais são criados no Consistório. Voltando atrás no tempo pode-se ver como o termo tenha suas origens na antiga Roma: o “sacro consistório” era o conselho privado do imperador formado pelos seus colaboradores mais próximos. Portanto os Consistórios são reuniões do Colégio Cardinalício e se dividem em ordinários e extraordinários: os primeiros com os cardeais residentes em Roma, enquanto que nos extraordinários devem participar todos os cardeais. O Consistório para a criação de cardeais é o Ordinário Público.

Também é interessante saber que nem todos os nomes dos cardeais são conhecidos com antecedência, pois há casos raros que o nome não é revelado por razões de perigo e portanto para protegê-lo.

O Conclave

No Conclave, os cardeais elegem o Pontífice. Enquanto nos primeiros séculos o número oscilava entre 20 e 40, com o Papa Sisto V em 1586 foi fixado em 70 e, enfim Paulo VI elevou o número de cardeais eleitores para um máximo de 120. Um limite confirmado pelos Sucessores, com algumas derrogações. Atualmente o Colégio conta com 212 cardeais, dos quais 114 eleitores e 98 não eleitores, e com o Consistório desta quinta-feira (28/06) somarão outros 14 novos cardeais, dos quais 3 não eleitores.

Foi o próprio Paulo VI com a Carta Apostólica Ingravescentem Aetatem a estabelecer o limite de 80 anos para os cardeais que elegem o Papa. Hoje os cardeais são provenientes dos cinco continentes e exatamente de 83 países.

Entre os cardeais há o Decano do Colégio cardinalício, que é eleito e preside o Colégio dos Cardeais e o Conclave. Também há a figura do Camerlengo que administra os bens da Santa Sé, assume a sede vacante e convoca o Conclave. O primeiro dos cardeais-diáconos chama-se protodiácono (que é cardeal há mais tempo) e deve anunciar ao povo cristão a eleição do novo Papa com o conhecido Habemus Papam.

Os sinais

Os sinais que distinguem a nomeação cardinalícia são a designação de uma igreja de Roma (Título ou Diaconia), o anel, em uso desde o século XII, e o barrete vermelho púrpura. Uma cor que caracteriza as vestes dos purpurados e retoma o sinal de disponibilidade ao martírio.

Papa Francisco e os cardeais

Nos Consistórios realizados pelo Papa Francisco, ele recordou a todos os novos cardeais a sua vocação a servir. “Ele não vos chamou para vos tornardes ‘príncipes’ na Igreja, para vos ‘sentardes à sua direita ou à sua esquerda’. Chama-vos para servir como Ele e com Ele. Para servir ao Pai e aos irmãos”, disse no Consistório público de 28 de junho de 2017.

Convidou também para gastar a própria vida apoiando a esperança do povo, como “sinais de reconciliação”. “Amado irmão neo-cardeal – disse em 2016 – o caminho para o céu começa na planície, no dia-a-dia da vida repartida e compartilhada, de uma vida gasta e doada: na doação diária e silenciosa do que somos. O nosso cume é esta qualidade do amor; a nossa meta e aspiração é procurar na planície da vida, juntamente com o Povo de Deus, transformar-nos em pessoas capazes de perdão e reconciliação”.

Outras significativas palavras do Papa foi no Consistório de 2015 quando recordou aos neo-cardeais que o chamado é para serem homens de esperança e caridade e no ano anterior dissera para serem homens de paz.

Também recorda-se que Papa Francisco com um Quirógrafo de 2013 instituiu o Conselho de Cardeais, chamado C9, para aconselhá-lo no governo da Igreja universal e propor a revisão da Constituição Apostólica Pastor bonus sobre a Cúria Romana.

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