Assembleia da CNBB: Bispos afirmam que é preciso “redescobrir a Conferência de Aparecida”

Segue até a próxima sexta-feira, 29 de abril, a primeira etapa da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Nesse período, em ambiente virtual, os religiosos acompanham uma série de exposições; tendo o tema do Sínodo (Por uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão) como indicativo principal.

Na noite da última terça-feira, 26 de abril, a REDEVIDA de Televisão apresentou o programa “Diálogo dos Bispos”. Dom Antônio Emidio Vilar, sdb, Dom José Reginaldo Andrietta e Dom Valdir Mamede; representando, respectivamente, as Dioceses de São José do Rio Preto, Jales e Catanduva dialogaram com o jornalista Paulo Junior. O tom informal, em uma verdadeira roda de conversa, favoreceu a partilha dos resultados do 2º dia da 59ª Assembleia da CNBB.

Espiritualidade

O arcebispo de Curitiba, Dom José Antonio Peruzzo, conduziu momento orante apoiado nas Sagradas Escrituras. Segundo Dom Reginaldo, a associação do pastoreio de Cristo ao pastoreio dos bispos foi muito oportuna. “Nós precisamos nos alimentar da Palavra viva de Deus. Jesus sente compaixão. A compaixão da Igreja é, portanto, a solidariedade”, explicou o bispo de Jales. “Dar de si faz com que as pessoas experimentem. Foi um momento muito rico”, completou Dom Vilar ao sublinhar o versículo “dá-lhes vós mesmos de comer” (destacado na reflexão).

Ainda no contexto, Dom Mamede apontou que não se tratou, naquela ocasião, de uma simples leitura de um texto. “É deixar-se envolver. Ver o outro e nos colocarmos no lugar do outro. Sofrer junto… sofrer com…”, concluiu o bispo de Catanduva.

Conjuntura

Em sintonia com o “clamor do povo”, os bispos tiveram acesso a relatórios que apresentam realidades acentuadas pela pandemia: aumento do número de desempregados, falta de moradia e vulnerabilidade alimentar foram alguns dos aspectos iluminados. Dom Reginaldo, partilhando sua experiência no contexto social, colocou em pauta a “cultura histórica do silenciamento” (quando, em especial o empobrecido, não tem a oportunidade de reclamar os próprios direitos).  “A pedagogia de Jesus nos ensina a dar uma resposta. Quando você sente a fome do outro, quando você passou por uma situação difícil, a sua resposta é outra. Saindo de si, você encontra a face de Deus como nunca. A bênção não é algo mágico, é solidariedade”, disse Dom Reginaldo.

Em ano de eleições, e tendo presente o sofrimento de parcelas da população, é entendimento da Igreja que a política é a dimensão social da caridade. É no processo de superação dos “gargalos da sociedade” que a sua prática se faz indispensável. “É nosso papel formar a consciência crítica, não assumir um lado ou outro”, sublinhou Dom Vilar.

Acolhimento

Outro ponto importante, entre tantos temas, é a preocupação com a saúde integral dos padres e religiosos. “Os cuidadores precisam de cuidado. Ninguém dá o que não tem. É importante cuidarmos uns dos outros”, explicou o bispo de São José do Rio Preto. “Às vezes não somos capazes de nos comover e, por isso, não somos capazes de nos mover”, partilhou Dom Mamede ao falar da importância de sempre considerar a dor do outro.

Na conclusão do programa “Diálogo dos Bispos”, ficou clara a inclinação dos religiosos a “redescobrir Aparecida” (ou seja, retomar as conclusões da Conferência que aconteceu em 2007). A opção preferencial pelos pobres segue se apresentando como meta primeira do episcopado brasileiro.

 

 

TEXTO | FOTOS
André Botelho
Jornalista / Assessoria de Comunicação
Diocese de São José do Rio Preto

 
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