Bispos da Nicarágua: rever sistema político do país
Cidade do Vaticano
“Acreditamos que o objetivo do diálogo nacional seja rever o sistema político da Nicarágua, desde suas raízes, a fim de alcançar uma democracia autêntica.”
Com essas palavras, os bispos da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) indicam o motivo pelo qual aceitaram o papel de mediadores neste momento difícil que o país está vivendo.
Segundo a Agência Fides, na conclusão de uma coletiva realizada no último dia 3, os bispos ressaltaram vários pontos, com o objetivo de fornecer ao povo nicaraguense uma informação verdadeira.
Apresentando um relato do ocorrido, os prelados lembraram que em 22 de abril, o presidente da República, Daniel Ortega, fez um convite ao “diálogo nacional” e pediu aos bispos da Igreja Católica para agirem como mediadores. Dois dias depois, a CEN divulgou uma declaração aceitando a mediação.
Os bispos convidam o Governo a trabalhar a fim de criar um ambiente e condições necessárias para estabelecer um diálogo verdadeiro, pedindo em particular: a libertação dos jovens detidos, a retirada da Tropa de Choque da Polícia, liberdade de expressão e de imprensa, publicação de um novo decreto presidencial revogando o anterior sobre a reforma da previdência social, elemento que desencadeou os protestos sociais, e a busca pelas pessoas desaparecidas.
A CEN acredita que as sessões de diálogo devem ter a primeira duração de um mês para depois, durante uma pausa, avaliar a vontade das partes, implementação e aplicação efetiva dos acordos alcançados. Se o processo de diálogo, após a comunicação com o povo, tomar um caminho “negativo”, os bispos tomarão imediatamente a decisão de renunciar ao papel de mediadores.
“Pedimos também para que seja abordada e esclarecida a questão das vítimas, mortas durante as manifestações universitárias”, continua o comunicado.
A Igreja oferece o Seminário Interdiocesano “Nossa Senhora de Fátima” como sede dos trabalhos de diálogo, convida todos os setores da sociedade nicaraguense a participar, nomeando um representante, e pede “boa vontade para resolver os problemas de forma pacífica e responsável”.