O bispo de São José do Rio Preto, Dom Antonio Emidio Vilar, sdb, oferece orientações aos padres e fiéis acerca das eleições. O religioso recorda que a “política é a melhor forma de exercer a caridade”. Acompanhe, na sequência, matéria publicada no domingo, 14 de agosto. Igualmente em destaque a carta enviada às Paróquias e artigo do epíscopo sobre o tema.
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TEXTO
André Botelho
Jornalista / Assessoria de Imprensa
Diocese de São José do Rio Preto
A POSIÇÃO DA IGREJA NAS ELEIÇÕES
A política é um bem, é a melhor forma de Caridade, pois visa o bem comum, a construção de um mundo melhor. A paz social é tarefa de todos. A Igreja, com atividades assistenciais e educacionais, tem a missão de promoção do ser humano e da fraternidade universal. (Cfr. FT 276).
Diferenças no modo de ver as coisas não nos dividam, mas nos guiem à cultura do encontro, do diálogo e do espírito democrático. Isso não exclui, mas põe ao centro a pessoa humana, sua dignidade e o respeito pelo bem comum. (Cfr. FT 232) Por isso, o Papa Francisco nos pede espírito sinodal, escuta e diálogo, e não radicalizações ou polarizações que causam divisão, ódio e guerra.
É erro afirmar que votar é só obrigação e nosso voto não muda as coisas. É grave omissão votar nulo ou em branco. Tal erro contribui para os mal-intencionados (J.Paulo II, Christifideles laici, 42). Aí não adianta chorar. Se não participamos da política agora, ela é usada por quem não se preocupa com o bem comum, mas com seus interesses, e gera mais corrupção e impunidade.
Já enviei carta aos padres dizendo para não tomarmos posição sobre candidatos e partidos, para não dividir a comunidade. Cabe-nos instruir e motivar os fiéis, como bons cristãos e honestos cidadãos, a adotar a boa política acima mencionada.
O lugar para debater as propostas dos candidatos é o grupo de reflexão. Distribuímos nas paróquias subsídios para debates, estudos e reflexões. Na escolha dos candidatos, a CNBB lembra que se baseia nos princípios cristãos, na busca do bem comum, promoção da vida integral, desde o seu início até seu término natural e o fortalecimento das organizações sociais. Sejam pessoas modelos de serviço ao outro, de construção de comunidades solidárias e exemplo de vida cristã.
Outros subsídios são: Acordo Brasil Santa-Sé, Defesa da Casa Comum, da Democracia, do verdadeiro Estado Laico, Pacto pela Vida e pelo Brasil, Laudato Si e Fratelli Tutti.
Assim, podemos eleger as pessoas que:
1 – Defendam o valor da pessoa humana. Sejam políticos da nossa região, cuja família e vida conhecemos de fato. As redes sociais e canais de consulta da internet ajudam nisso.
2 – Saibam trabalhar em conjunto, respeitem a liberdade e a criatividade das pessoas, e não quem pensa que só cabe a eles decidir o que é bom para todos.
3 – Tenham vida comprometida com a pobreza, educação, saúde, moradia, saneamento básico, promoção da vida e meio-ambiente e usam de fato o dinheiro nestas prioridades.
4 – Não comprem votos e nem barganhem licitações públicas para depois recuperarem e se enriquecerem ilegalmente.
5 – Promovam políticas que beneficiam a todos e não só o partido. Não façam campanha com dinheiro de empresas, nem se proponham a comprar seu voto.
6 – Tenham ficha limpa, sem processo judicial, sejam honestos, coerentes em sua postura e não fiquem mudando de partido.
Cuidado com arrogantes, populistas, demagogos e bajuladores: não inspiram confiança!
Poucos candidatos tem tais atributos, sim, mas votemos em quem mais se aproxima deles e que dá sinais de cultivar suas qualidades e diminuir suas limitações.
Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, interceda por nós!
Dom Antonio Emidio Vilar, sdb
Bispo Diocesano de São José do Rio Preto