Maio com Maria

Papa Francisco e a devoção mariana

 

Já é cena corriqueira ver o Papa Francisco se dirigir à Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, todas as vezes que sai e que volta de uma viagem apostólica. Ele pede a intercessão pelo êxito da missão e, depois, leva flores para agradecer. Ele realiza essas orações diante da imagem da Virgem “Salus Populi Romani”, num dos principais altares laterais da Basílica. Mas, a devoção mariana do Papa é manifestada constantemente, sobretudo nas orações que faz na janela do seu escritório de trabalho, ao meio dia, todos os domingos que se encontra no Vaticano.

Homilias

Trechos de homilias feitas pelo Papa Francisco nesses cinco anos de pontificado revelam a profundidade de sua devoção à Mãe de Jesus. Ele foi eleito para suceder Bento XVI, em 13 março de 2013 e no dia 19, ao celebrar o dia de São José, ele confiou seu pastoreio aos céus, lembrando a companhia de Maria: “Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu! Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amém“.

Na festa de Maria, Mãe de Deus, em 1º de janeiro do ano seguinte, Francisco disse: “O nosso caminho de fé está indissoluvelmente ligado a Maria, desde o momento em que Jesus, quando estava para morrer na cruz, no-La deu como Mãe, dizendo: ‘Eis a tua mãe!’ (Jo 19, 27). Estas palavras têm o valor dum testamento, e dão ao mundo uma Mãe. Desde então, a Mãe de Deus tornou-Se também nossa Mãe! Na hora em que a fé dos discípulos se ia quebrantando com tantas dificuldades e incertezas, Jesus confiava-lhes Aquela que fora a primeira a acreditar e cuja fé não desfaleceria jamais. E a ‘mulher’ torna-Se nossa Mãe, no momento em que perde o Filho divino. O seu coração ferido dilata-se para dar espaço a todos os homens, bons e maus, todos; e ama-os como os amava Jesus. A mulher que, nas bodas de Caná da Galileia, dera a sua colaboração de fé para a manifestação das maravilhas de Deus na mundo, no Calvário mantém acesa a chama da fé na ressurreição do Filho, e comunica-a aos outros com carinho maternal. Assim Maria torna-Se fonte de esperança e de alegria verdadeira”.

Na mesma data, no ano de 2015, em uma parte da homilia, estas foram as palavras do Papa: “Amados irmãos e irmãs! Jesus Cristo é a bênção para cada homem e para a humanidade inteira. Ao dar-nos Jesus, a Igreja oferece-nos a plenitude da bênção do Senhor. Esta é precisamente a missão do povo de Deus: irradiar sobre todos os povos a bênção de Deus encarnada em Jesus Cristo. E Maria, a primeira e perfeita discípula de Jesus, a primeira e perfeita crente, modelo da Igreja em caminho, é Aquela que abre esta estrada de maternidade da Igreja e sempre sustenta a sua missão materna destinada a todos os homens. O seu testemunho discreto e materno caminha com a Igreja desde as origens. Ela, Mãe de Deus, é também Mãe da Igreja e, por intermédio dela, é Mãe de todos os homens e de todos os povos“.

“E Maria, a primeira e perfeita discípula de Jesus, a primeira e perfeita crente, modelo da Igreja em caminho, é Aquela que abre esta estrada de maternidade da Igreja e sempre sustenta a sua missão materna destinada a todos os homens”

Papa Francisco

Na festa de 2016, celebrada na Basílica Vaticana, Papa Francisco nos deixou essas palavras sobre Nossa Senhora: “No início dum novo ano, a Igreja faz-nos contemplar, como ícone de paz, a maternidade divina de Maria. A antiga promessa realiza-se na sua pessoa, que acreditou nas palavras do Anjo, concebeu o Filho, tornou-Se Mãe do Senhor. Através d’Ela, por meio do seu «sim», chegou a plenitude do tempo. O Evangelho, que escutamos, diz que a Virgem ‘conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração’ (Lc 2, 19). Aparece-nos como vaso sempre cheio da memória de Jesus, Sede da Sabedoria, onde recorrer para termos a interpretação coerente do seu ensinamento. Hoje dá-nos a possibilidade de individuar o sentido dos acontecimentos que nos tocam pessoalmente a nós, às nossas famílias, aos nossos países e ao mundo inteiro. Aonde não pode chegar a razão dos filósofos, nem as negociações da política, consegue fazê-lo a força da fé que a graça do Evangelho de Cristo nos traz e que pode abrir sempre novos caminhos à razão e às negociações“.

Ao falar, na homilia da Festa da Mãe de Deus do ano passado, Papa Francisco destacou o papel das mães: “As mães são o antídoto mais forte contra as nossas tendências individualistas e egoístas, contra os nossos isolamentos e apatias. Uma sociedade sem mães seria não apenas uma sociedade fria, mas também uma sociedade que perdeu o coração, que perdeu o ‘sabor de família’. Uma sociedade sem mães seria uma sociedade sem piedade, com lugar apenas para o cálculo e a especulação. Com efeito as mães, mesmo nos momentos piores, sabem testemunhar a ternura, a dedicação incondicional, a força da esperança. Aprendi muito com as mães que, tendo os filhos na prisão ou estendidos numa cama de hospital ou subjugados pela escravidão da droga, esteja frio ou calor, faça chuva ou sol, não desistem e continuam a lutar para lhes dar o melhor; ou com as mães que, nos campos de refugiados ou até no meio da guerra, conseguem abraçar e sustentar, sem hesitação, o sofrimento dos seus filhos. Mães que dão, literalmente, a vida para que nenhum dos filhos se perca. Onde estiver a mãe, há unidade, há sentido de pertença: pertença de filhos“.

“A devoção a Maria não é galanteria espiritual, mas uma exigência da vida cristã. Olhando para a Mãe, somos encorajados a deixar tantas bagatelas inúteis e reencontrar aquilo que conta”.

Papa Francisco

Na homilia da Festa deste ano, Francisco disse: “A devoção a Maria não é galanteria espiritual, mas uma exigência da vida cristã. Olhando para a Mãe, somos encorajados a deixar tantas bagatelas inúteis e reencontrar aquilo que conta. O dom da Mãe, o dom de cada mãe e cada mulher é tão precioso para a Igreja, que é mãe e mulher. E, enquanto o homem muitas vezes abstrai, afirma e impõe ideias, a mulher, a mãe sabe guardar, fazer a ligação no coração, vivificar. Porque a fé não se pode reduzir apenas a ideia ou a doutrina; precisamos, todos, de um coração de mãe que saiba guardar a ternura de Deus e ouvir as palpitações do homem. A Mãe, autógrafo de Deus sobre a humanidade, guarde este Ano e leve a paz de seu Filho aos corações, aos nossos corações, e ao mundo inteiro. E, como filhos d’Ela, convido-vos a saudá-La hoje, simplesmente, com a saudação que os cristãos de Éfeso pronunciavam diante dos seus Bispos: ‘Santa Mãe de Deus!’ “.

Rosário

No final das celebrações do centenário das aparições de Nossa Senhora, no ano passado, em Fátima, Portugal, Papa Francisco enviou mensagem em vídeo sublinhando a importância da oração do rosário. “Quero vos dar um conselho: Nunca deixeis o Rosário; Nunca deixeis o Rosário, rezai o Rosário, como Ela o pediu”, expressou o Pontífice. Na verdade, durante as celebrações, ele visitou a cidadezinha portuguesa onde presidiu a primeira Peregrinação Aniversária Internacional do Centenário e também canonizou dois dos pastorezinhos videntes da Virgem, os agora Santos Jacinta e Francisco Marto. “Ide em frente. E nunca vos afasteis da Mãe. Como uma criança que está junto a sua mãe e se sente segura, assim também nós ao lado da Virgem nos sentimos muito seguros. Ela é a nossa garantia”, acrescentou o Papa.

“Quero vos dar um conselho: Nunca deixeis o Rosário; Nunca deixeis o Rosário, rezai o Rosário, como Ela o pediu”.

Papa Francisco

Conforme registrou a agência de notícias Zenit, em agosto do ano passado, o Papa voltou ao tema durante saudção feita aos peregrinos presentes na Sala Paulo VI para a Audiência Geral, e depois da catequese convidou aos peregrinos italianos: “Não esqueçam de rezar cada dia o terço”. Aos Jovens Santo Padre disse: “Caríssimos, elevemos o olhar ao Céu para contemplar o esplendor da Santa Mãe de Deus, que na última semana recordamos na sua Assunção, e ontem a invocamos como nossa Rainha. Cultivem em relação a ela uma devoção sincera, para que esteja ao vosso lado na cotidiana existência”.  Ao dirigir-se aos peregrinos de língua alemã, o Santo Padre recordou que nestes dias “contemplamos Maria Rainha do Céu”: “Cristo tornou sua mãe partícipe de sua vitória sobre a morte. Confiemo-nos a Mãe Celeste para que, como ela, ao final de nosso caminho terreno, possamos alcançar a meta da nossa vida, segundo o projeto de Deus”.

Naquela mesma ocasião, uma saudação mariana também foi dirigida aos poloneses: “Dentro de poucos dias, sábado e domingo próximo, muitos de vós, pessoal ou espiritualmente, se reunirão na assim chamada ‘Caná Polonesa’, o vosso Santuário nacional em Jasna Góra, para celebrar a Solenidade da bem-aventurada Maria Virgem de Cz?stochowa e o terceiro centenário da coroação de sua efígie milagrosa. Apresentando-vos diante do rosto da vossa Mãe e Rainha, colocai-vos em escuta atenta da sua palavra: ‘Fazei tudo o que ele vos disser’. Que ela seja para cada um de vós uma indicação na formação da consciência, no colocar ordem na vida pessoal e familiar, na construção do futuro da sociedade e da nação”.

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