Cidade do Vaticano
O governo de Daniel Ortega afirmou no domingo, 8, que as eleições de 2021 não serão antecipadas para março de 2019, como haviam solicitado amplos setores da sociedade para deter a crise que já provocou mais de trezentos mortos nos protestos iniciados em abril.
Somente no domingo outras 11 pessoas – duas delas policiais – morreram e outras 30 ficaram feridas durante protestos antigovernamentais nas localidades de Diriamba, Dolores e Jinotepe, ao sul de Manágua.
“Nós celebramos esta Eucaristia nesta atmosfera de penitência, tristeza, dor, porque (esta) não é a forma que se constrói a paz”, disse o cardeal Leopoldo Brenes em sua homilia na Missa celebrada na Catedral de Manágua.
O arcebispo de Manágua responsabilizou diretamente Ortega, sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, e o segundo chefe da Polícia da Nicarágua, Francisco Díaz, pela violência que a Nicarágua está sofrendo desde a explosão social de 18 de abril. “Não é desta forma que a paz é construída”, advertiu.
“Ao Presidente Daniel, a Rosario, ao Comissário Geral Francisco Díaz, por favor, em nome de Deus, em nome deste povo católico presente nesta catedral, parem com esta ação, que trará mais dor e tristeza. Queiram ou não, esta situação afeta homens, famílias e toda a triste Nicarágua”, disse o purpurado.
Em sua aparição pública no sábado, Ortega mostrou sua rejeição “àqueles que lançam maldições e nos sentenciam à morte em nome de instituições religiosas”.
O bispo auxiliar de Manágua, Dom Silvio José Báez, respondeu no Twitter mais tarde, que “se Daniel Ortega está pensando na Igreja Católica quando se refere à ‘instituções religiosas’, já deveria ter claro que a Igreja Católica não tem medo, que busca sempre a paz que brota da justiça e que está sempre ao lado dos pobres e das vítimas”.
Tanto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) quanto o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHRUDH) responsabilizaram o governo nicaraguense pelas sérias violações de direitos humanos.
As violações incluem “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possível tortura e detenções arbitrárias cometidos contra a população predominantemente jovem do país,” de acordo com a Comissão, e que o Governo da Nicarágua rejeitou.
A Nicarágua está passando pela mais sangrenta crise sociopolítica desde os anos 1980, com Ortega também como presidente.
Os protestos contra o governo começaram em 18 de abril contra a reforma da previdência, passando então a exigir a renúncia do presidente, após onze anos no poder, com acusações de abuso de poder e corrupção.
(Com Agências)