Após beijar o crucifixo, aspergir o Povo de Deus e fazer um momento de oração diante do Sacrário, dom Antonio Emidio Vilar, SDB, se colocou no centro do Presbitério da Catedral de São José. Foi dali que o salesiano, filho de Dom Bosco, acompanhou a entrada da imagem do Imaculado Coração de Maria; que a Diocese de São José do Rio Preto assumiu como Padroeiro em 1954.
A Missa de Posse do 6º bispo diocesano da quase centenária Igreja Particular disposta no Noroeste Paulista, em 19 de março, contou com a presença do arcebispo metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro/RJ, cardeal Orani João Tempesta, O. Cist; que assim como o arcebispo de Uberaba/MG, dom Paulo Mendes Peixoto, também foi bispo na diocese que leva o nome do Esposo de Maria e do rio que banha as terras que, doadas em 1852, deram origem à cidade (que completou 170 anos no dia da posse).
Solicitude do Papa
Apresentadas e lidas as Letras Apostólicas pelas quais o Santo Padre, o Papa Francisco, indicou a nomeação, o arcebispo de Ribeirão Preto e Administrador Apostólico sede vacante, dom Moacir Silva, entregou a dom Vilar o báculo que um dia pertencera ao primeiro pastor diocesano local, dom Lafayette Libânio. Conduzido à cátedra, o novo bispo acolheu os aplausos dos diocesanos e as manifestações de obediência e respeito do padre Marcos Antônio Figueira da Silva, representando os presbíteros; do diácono Júlio Antônio Cuminato, em nome dos diáconos permanentes, da irmã Maria de Lourdes, dos leigos Benício e Maria Aparecida e do vice-prefeito municipal, professor Orlando Bolçone, em nome de todas as autoridades presentes; muitas vindas dos municípios que compõe a Diocese.
“A vida pelas ovelhas”
Dom Vilar (como prefere ser chamado), nasceu em 14 de novembro de 1957, no Distrito de Guardinha; que pertence ao município de São Sebastião do Paraíso/MG. Aos 11 anos ingressou no Seminário Salesiano de Pindamonhangaba. Foi ordenado padre em 1986. Em 2008, foi nomeado bispo da Diocese de São Luiz de Cáceres/MT. Oito anos depois foi transferido para São João da Boa Vista/SP; onde acolheu o novo chamado (dessa vez para animar cerca de 100 padres, em 71 paróquias dispostas em 36 municípios).
Recordando o testemunho de São José, dom Vilar falou sobre o silêncio e como ele assusta por conduzir cada um ao interior de si mesmo. “Na casa de Nazaré, Jesus cresce na escola do exemplo diário de Maria e José”, disse. Citando a lenda do Pássaro Azul (que ilustra o surgimento do município de São José do Rio Preto), o bispo também sublinhou que não é fácil reconhecer a voz de Cristo em meio às perturbações dos dias de hoje.
Acerca do chamado à nova missão, dom Vilar disse ter aprendido com os Salesianos a não questionar uma indicação do Santo Padre. “Um desejo do Papa é uma ordem para nós”, disse. “Para a minha missão fixo os olhos no Bom Pastor”, completou o epíscopo ao citar suas experiências anteriores na condução do povo. “Por tudo dou graças, pois cada passo é uma aprendizagem. O mesmo Deus que escolhe nos faz fiéis até o fim. Que São José de Botas nos ajude a caminhar com fé e ousadia; fortalecidos e guiados pelo Espírito Santo”, completou dom Vilar.
Saudações ao bispo
“O senhor terá o cheiro das ovelhas do Noroeste Paulista. Chega a tempo de participar da fase da escuta (do Sínodo dos Bispos 2023). Será muito bom tê-lo caminhando conosco. Todos queremos caminhar em unidade com o senhor e amá-lo”, disse o Vigário Geral da Diocese, padre Edvaldo Calazans. “Queremos, juntamente com todas as Comunidades, estar presentes na sua missão”, completou o casal Benício e Maria Aparecida Bueno de Oliveira, da Pastoral Familiar da Diocese, em nome dos leigos. “Conte com nossas orações e cooperação fraterna. Que Deus lhe conceda muitas alegrias”, garantiu o bispo de São Carlos e representante do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil na Celebração Eucarística, dom Luiz Carlos Dias.
O arcebispo metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro/RJ, dom Orani João Tempesta, O. Cist, que foi o 3º bispo da Diocese de São José do Rio Preto, fez uma importante menção à consagração da Rússia e Ucrânia ao Coração Imaculado da Bem-Aventurada Virgem Maria, no próximo dia 25 de março, por desejo do Papa Francisco; aproximando esse gesto à Igreja Particular que, no Noroeste Paulista, também foi depositada no Coração da mãe de Jesus. “Tenho certeza que serás muito feliz aqui. O Senhor vai agir através do seu trabalho e da sua missão. Grandes passos devem ser dados”, disse o cardeal. “Desejamos que aconteça o triunfo do Imaculado Coração de Maria entre nós”, suplicou a irmã Isilda Aparecida Balbuena, representado os Religiosos Diocesanos.
O arcebispo metropolitano de Uberaba, dom Paulo Mendes Peixoto, também se manifestou recordando que a missão no Noroeste Paulista foi um tempo de grande aprendizado. “O senhor chega a uma Diocese de ovelhas sedentas da Palavra de Deus. Que essa nova experiência seja um momento muito fecundo”, concluiu o epíscopo.
Compromissos
Saudando o povo; com especiais referências à sua família (que acompanhou a Celebração Eucarística) e a dom Moacir Silva, dom Vilar rendeu graças pelos “operários que o precederam na plantação”, recordando que “a Igreja é obra de Deus e nós somos seus humildes servos”.
Como bispo, dom Vilar reafirmou ser o primeiro responsável pela formação dos seminaristas e, como filho de Dom Bosco, garantiu querer caminhar com a juventude “para alimentar seus sonhos e para ajudar em seus projetos de vida”. O epíscopo também se dirigiu aos não católicos. “Expresso a minha vontade de buscar o que nos une em Cristo nessa sociedade tão complexa, para que a força da fé traga justiça e fraternidade”, disse.
Rogando a inspiração de Dom Bosco para seguir para as periferias, o bispo apresentou a Nossa Senhora Auxiliadora sua homenagem. “Renovo a entrega de minha mãe (à Mãe de Jesus) quando nasci de sete meses e que fiz quando fui ao Seminário. Imploro para que a Rainha da Paz traga a paz aos corações aflitos e que, junto ao Papa Francisco, entreguemos os países em guerra”, completou.
Suplicando o cuidado de São José, dom Vilar pediu para, a exemplo do Bom Pastor, ter luzes e força; coragem e audácia para viver uma Igreja em saída. “O melhor lugar do mundo é aqui, onde estou agora. Assumo essa Diocese como minha nova casa, minha família”, concluiu o religioso ao escrever seu nome na história da Igreja Particular de São José do Rio Preto.
TEXTO
André Botelho
Jornalista / Secretariado
Diocesano de Pastoral
FOTOS
Equipe Diocesana de Fotografia
(O arquivo fotográfico pode ser acessado a partir do link na sequência)