“Precisamos das orações de vocês para que a paz e a harmonia sejam restauradas em nosso país. Rezem por nós e por todos os cristãos que sofrem por causa de sua fé”, pediu o bispo de Chilaw Dom Warnakulasuriya Devsritha Valence Mendis, em telefonema à Igreja que Sofre, que respondeu aos ataques terroristas lançando uma campanha de coleta de fundos para concluir a construção da Igreja de Santo Antônio, na Baía China, no Sri Lanka.
Cidade do Vaticano
“Assistimos a ataques brutais, atos de violência sem precedentes”, disse por telefone à Ajuda à Igreja que Sofre Dom Warnakulasuriya Devsritha Valence Mendis, bispo de Chilaw, ao referir-se aos ataques que atingiram a comunidade do Sri Lanka no Domingo de Páscoa. O número de mortos na manhã desta terça-feira, 23, subiu para 310, enquanto os feridos são mais de 500.
“A série de ataques teve início na capital Colombo”, conta o bispo. A primeira explosão ocorreu no Santuário de Santo Antônio, a igreja católica mais famosa do Sri Lanka, Santuário Nacional. Após cerca de 45 minutos, uma segunda Igreja católica foi atingida, a de São Sebastião em Negombo, a cerca de 40 quilômetros de Colombo, ao longo da costa oeste. Mais tarde, outra bomba explodiu na Igreja protestante de Sião em Batticaloa, na costa leste.
Simultaneamente, na capital, três hotéis de luxo frequentados por ocidentais foram atingidos. Outras explosões foram registradas na segunda-feira, 22 de abril, em vários locais do país, mas aparentemente não causaram vítimas.
“Um ataque totalmente inesperado – diz Dom Mendis, sublinhando que no Sri Lanka há relações pacíficas entre as diferentes religiões”. O Santuário de Santo Antônio era “um destino de peregrinação para pessoas de todas as fés”.
No país de maioria budista, os cristãos representam pouco mais de 9% da população. Como denunciado nas edições mais recentes do Relatório sobre a Liberdade Religiosa de Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), nos últimos anos tem havido ataques a igrejas por parte de grupos budistas fundamentalistas como o Bodu Bala Sena e o Sinha Le.
“Aquele cometido no domingo é um crime contra a humanidade – afirma Dom Mendis. Nossa Páscoa foi transformada de um dia de festa em um de luto. Mas tenho certeza de que nossos fiéis serão capazes de enfrentar tamanha dor, com coragem e fé”.
O prelado quis lançar, por meio da AIS, um apelo a todos os cristãos do mundo. “Precisamos das orações de vocês para que a paz e a harmonia sejam restauradas em nosso país. Rezem por nós e por todos os cristãos que sofrem por causa de sua fé”.
Ajuda à Igreja que Sofre respondeu aos ataques no Sri Lanka, convidando seus cerca de 18.000 benfeitores italianos a fazerem doações para a conclusão da construção da Igreja de Santo Antônio na China Bay, Diocese de Trincomalee, no leste do Sri Lanka.
O Sri Lanka viveu nesta terça-feira um Dia de Luto Nacional, para recordar as mais de 300 vítimas fatais dos ataques terroristas. Momentos de oração foram realizados em diversas comunidades cristãs em todo o mundo, em particular nos países mais próximos, como Índia, Paquistão, Filipinas.
Estado Islâmico assume autoria dos atentados
Nesta terça-feira, o autoproclamado Estado Islâmico assumiu a autoria os atentados suicidas. Enquanto seguem as investigações, o ministro da Defesa do Sri Lanka, Ruwan Wijewardene, afirmou no Parlamento que segundo investigações preliminares, os atentados foram uma retaliação pelos ataques contra duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, em 15 de março do corrente, quando foram mortas 50 pessoas.
O Governo atribui a responsabilidade pelos atentados a dois grupos islâmicos extremistas no país, o National Thawheed Jamaat e o Jammiyathul Millathu Ibrahim, que teriam recebido apoio externo para cometer os atentados. As próprias autoridades haviam recebido avisos nos últimos dias sobre possíveis ataques contra igrejas por combatentes do ISIS, que retornaram ao Sri Lanka. O aviso, no entanto, não chegou ao conhecimento das altas esferas do Governo.