O pavão, a morte de Cristo e os primeiros cristãos
Segundo o Roy Abraham Verghese, todas as sociedades próximas ao Oriente Médio sofreram alguma modificação em noções como morte, alma e ressurreição logo nos primeiros cem anos da Era Cristã. Se culturas tão diferentes sofreram uma mudança tão profunda em sua cosmovisão, era evidente que algo havia acontecido.
O que havia acontecido foi que ninguém pôde ficar impassível diante de um Deus que se fez homem, morreu e ressuscitou.
É magnífico é que em inúmeras catacumbas dos primeiros homens e mulheres que morreram no serviço de Cristo aparece uma imagem curiosa: o pavão. Por que os primeiros cristãos colocariam em suas covas a imagem de um bicho tão exótico? Os motivos são muitos, mas a ideia central é o símbolo de que a vida e a morte haviam ganhado um bônus: a ressurreição.
No inverno, as penas do pavão caem e vão sendo substituídas ao longo da primavera e os primeiros cristãos relacionavam isso à morte e ressurreição. Além disso, há uma ideia de que pavões conseguem se alimentar de serpentes ou plantas venenosas sem se contaminar, o que simboliza uma vitória contra o demônio e o pecado. Por fim, entre os gregos o pavão era considerado uma ave nupcial (a Deusa Hera lhe encheu a cauda dos olhos de Argus e recolheu o pavão como um animal seu depois de um plano para vigiar Zeus e sua amante Io) e poderia, para os cristãos, simbolizar a união da alma esponsal e Cristo, o esposo.
Fonte: A Formação do Imaginário