
Cidade do Vaticano
No dia 9 de janeiro, o Cardeal Dom Baltazar Porras Cardozo, Arcebispo de Mérida e Administrador Apostólico de Caracas, Dom Raúl Biord, Arcebispo de La Guaíra e 2º Vice-Presidente da CEV e de Dom Freddy Jesús Fuenmayor Suárez, bispos de Los Teques, em nome da Conferência Episcopal Venezuelana enviaram uma exortação a todo o povo venezuelano sobre a atual situação do país e sobre a pretensão de Nicolás Maduro de exercer mais um mandato presidencial. Segundo a Conferência Episcopal, este ato “é ilegítimo”.
“Recebemos o ano de 2019, com a confiança depositada em Deus, como uma boa oportunidade para a mudança que o país está clamando: a recuperação do Estado de Direito de acordo com a Constituição e a reconstrução da sociedade venezuelana, com dignidade, liberdade e justiça para todos.”
A conferência ressaltou da importância de questionar-se sobre o significado ético da situação que vive o pais. “Nossas avaliações nascem de uma avaliação moral da dignidade humana violada, do bem comum desrespeitado e a verdade manipulada”.
Relembrando São Oscar Arnulfo Romero, profeta e mártir da América:
Ressalta que “todo poder humano é provisório e se legitima se em seu exercício produz um bem estar coletivo, com especial atenção aos pobres e excluídos, alcançando assim uma coexistência saudável na pluralidade e na diferença”.
Sobre a atual situação do Governo, destaca com grande ênfase e preocupação:
Sobre a pretensão de Nicolás Maduro em assumir a presidência da Venezuela, os bispos recordam a exortação feita no ano passado, 11/07/2018, sobre a ilegitimidade da mesma: “Como assinalamos em nossa Exortação de 11 de julho de 2018, reiteramos que na convocação de 20 de Maio (para eleger o Presidente da República) foi ilegítima, como também a Assembleia Nacional Constituinte imposta pelo poder executivo”. Vivemos em um regime de fato sem respeito as garantias previstas na Constituição e nos princípios de dignidade do povo. (Não tenhais medo, Eu estou convosco, n. 6).
Portanto, a pretensão de iniciar um novo mandato presidencial em 10 de janeiro de 2019 é ilegítimo por sua origem, e abre uma porta para o desconhecimento do governo porque lhe falta o sustento democrático na justiça e no direito”. Nesta crise política, social e econômica, a Assembleia Nacional, eleita com a liberdade de voto do povo venezuelano, é atualmente o único órgão de poder público com o poder de legitimidade para exercer soberanamente os seus poderes.”
O Cardeal Pietro Parolin, em 1/12/2016, pediu a restituição o quanto antes à Assembleia Nacional o papel previsto na Constituição. “O voto de confiança de que o povo venezuelano lhe conferiu deve ser recompensado com o cumprimento dos deveres dos deputados elaborando as leis de que o país precisa para restabelecer a democracia e o regresso à decência e à honestidade na administração dos fundos públicos”, afirmou o Cardeal.
Por fim, exorta ao povo de não serem meros espectadores daquilo que acontece no país: “nós somos cidadãos e, como tal, atores de primeira classe. A defesa da liberdade custou muito sangue e muito sofrimento, para ver de longe o que a maioria rejeita: políticas de fome, perseguição política, repressão militar e policial, presos políticos, tortura, corrupção, ineficiência e ineficácia na gestão pública. Como cidadãos e como instituições é a nossa vez assumir as nossas responsabilidades para melhorar a situação atual e recuperar o país com seus valores e potencialidades. Isto requer a articulação de todos os sectores sociais, promovendo a criatividade e a proatividade de muitas pessoas na busca de soluções”.
Concluindo a mensagem, a Conferência agradece a todas as pessoas, instituições, igrejas e governos internacionais que tentam colaborar com o país, de modo especial agradecem ao Papa Francisco pela aproximação e preocupação com a Venezuela, e recordam as palavras do Santo Padre no encontro com os membros do Corpo Diplomático credenciado junto ao Vaticano: