“Sentimento de pertença”: o relato missionário do Pe. Francisco Rodrigues

Chegamos a Cruzeiro do Sul nos dias que precediam o Novenário de Nossa Senhora da Glória. Os comentários são vários, ouvidos nos quatro cantos da cidade, todos acentuando a grandiosidade do momento e a certeza de ser a maior festa do Estado do Acre. Mamãe da Glória, glorifica teu povo! O Clima da Solenidade é sentido no ar, nos olhares, nas roupas, nas cores, nos preparativos vários, nos sorrisos estampados nos lábios que vão glorificar aquela que brilha e traz todos os Brilhos do Céu. A certeza a ser celebrada está na grande pintura, impar e de beleza impressionante, que estampa a parede por detrás do Altar Mor da Catedral. AQUELA  que na sua Glória pisa no dragão e permite as estrelas do Céu caírem sobre a terra e trás no colo aquele que é o Senhor da Glória para a glorificação da humanidade.

Os Sentimentos de todos que ali estão, e que lotam os bancos, as laterais, a grande área no frontal da Catedral, as cadeiras que são centenas que desaparecem como num passe de mágica de mãos ansiosas que delas vão se apossando, tornando-as poucas para a multidão de fiéis buscando-as na esperança de poderem se sentar um pouquinho durante as celebrações, às vezes, longas no tempo, e curtas dos sentimentos amorosos do coração que esperaram o ano todo por este momento de plenitude do céu que se dá, agora na terra, para mim e para todos que ali se encontravam.

Os dias parecem poucos, embora transcorram em um terço do mês, exatos 11 dias, desde a caminhada da juventude até a plenitude celebrativa do dia 15 de agosto, quando um mar de gente invade as ruas e ladeiras de Cruzeiro do Sul, embaladas pelas canções e palavras amorosas que brotam dos grandes animadores da “Procissão”, que mais parece a festa de “Todos os Santos” no céu. Homens e mulheres que se multiplicam e pequenos e grandes, nas misturas das cores e raças, nas classes sociais que desaparecem, mas na certeza de que somos todos filhos e filhas de uma mesma Mãe que nos leva sempre no seu colo para entregar ao coração do seu Filho Amado. Sentimento de pertença a uma só família, a um só povo, a uma só raça: Filhos e Filhas do Deus Pai.

Estar na “procissão” é sentir-se envolvido pela luz da ternura que emana de cada um ali se sentindo o mais importante, o Filho único, o amado e querido. Desta forma o Andor de Maria Gloriosa anda no  meio do povo, cercada carinhosamente pelos seminaristas que tentam colocar um limite de proteção ao Andor, com uma cordinha de brinquedo de balanço, mas que no respeito da grande multidão torna-se a corda das cordas, forte, inabalável, inquebrável e os braços e mãos dos que a seguram, braços e mãos de Anjos que desceram do céu para proteger e oferecer a todos a Mamãe do Céu. Sentimento de grande agradecimento por fazer parte deste momento sublime, onde o humano se torna Divino no saber da missão cumprida.

Viva Nossa Senhora da Glória!

Cruzeiro do Sul, Acre, 17 de agosto de 2023.

Frei Francisco Aparecido Rodrigues
Em missão na Diocese de Cruzeiro do Sul/AC

O bispo de Cruzeiro do Sul, Dom Flávio Giovenale, Pe. Edvaldo Calazans, Pe. Pedro da Silva e Pe. Francisco Rodrigues