Especial

A proliferação de notícias falsas nas redes sociais, as chamadas “fake news” (notícias falsas), tem sido o fenômeno da atualidade. Boa parte da produção deste conteúdo é de baixa qualidade e não possui o mínimo necessário de apuração, ou seja, verificação da veracidade da informação com ambos os lados envolvidos. Apenas, joga-se o conteúdo nas redes e, rapidamente, ele é disseminado como “verdade”.

Em janeiro deste ano, o papa Francisco condenou o “mal” das falsas notícias, frisando que jornalistas, assim como os usuários de redes sociais, devem evitar e desmascarar as “táticas de cobras” manipuladoras que, segundo o Pontífice, fomentam a desunião para servir interesses políticos e econômicos.

“Divulgar fake news pode servir para conquistar objetivos específicos, influenciar decisões políticas, e servir para interesses econômicos”, escreveu o papa no documento, condenando “a manipulação nas redes sociais” e em outros meios de comunicação. A declaração faz parte da mensagem intitulada “A verdade vos tornara livres – fake news e jornalismo de paz”, lançada em preparação para o Dia Mundial das Comunicações Sociais da Igreja Católica, a ser celebrado em 13 de maio.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem sido vítima frequente de boatos, manipulações da informação e notícias truncadas. Durante a coletiva de imprensa no lançamento da Campanha da Fraternidade 2018, dia 14/02, o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da entidade, cardeal Sergio da Rocha, respondeu a jornalistas sobre apoio político nas próximas eleições e disse: “Nós queremos candidatos comprometidos com a justiça social e a paz. Não candidatos que promovam ainda mais a violência”, declarou o cardeal sem fazer referência direta a nenhum dos pré-candidatos.
Alguns site, blogs e canais de vídeos modificaram a fala do cardeal e afirmaram que a Igreja estava orientando o povo a não votar em um determinado pré-candidato à presidência da República. Tal notícia dada como “verdade” repercutiu nas redes, foi comentada, compartilhada milhares de vezes como sendo “verdade”. Porém, não houve consulta alguma da parte dos blogs e sites que disseminaram este conteúdo à CNBB sobre a veracidade da declaração.

A CNBB, que vem trabalhando para combater as “fake news”, se pronunciou e respondeu aos jornalistas que procuraram a entidade com a seguinte resposta:

“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não se pronuncia sobre candidatos e/ou partidos. A Igreja no Brasil oferece critérios cristãos para o discernimento sem substituir a consciência do eleitor”.
Voltando ao documento do papa sobre notícias falsas, ele destacou que as “fake news” já começaram quando Eva, seduzida pelas informações falsas divulgadas pelo demônio em forma de serpente, foi tentada, no Éden, a comer dos frutos da árvore proibida.

“A estratégia desse inteligente ‘pai da mentira’ é precisamente a imitação, essa forma de sedução traiçoeira e perigosa que se insinua no coração com argumentos falsos e atrativos”, disse Francisco referindo-se ao diabo.
O Pontífice ressalta ainda no documento que vê o papel do jornalismo como “uma missão” e que os jornalistas têm a responsabilidade de eliminar as fake news.

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