Recentemente a editora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou uma coletânea de reflexões para o Ano Nacional do Laicato, a “Sal e Luz”. A ação em conjunto entre as Comissões Episcopais Pastorais da Conferência tem se esforçado em contribuir com reflexões e encaminhamentos sobre a Igreja e a sociedade, enriquecendo as temáticas do Ano Nacional do Laicato. O lema “Vós sois sal da terra e luz do mundo” tem despertado e aprofundado a fé cristã nos volumes publicados.
É possível um sujeito eclesial?
No volume 1 da coleção “Sal e Luz”, intitulado “É possível um sujeito eclesial?”, o estudo de autoria do sacerdote jesuíta Mario de França Miranda, busca refletir mais a fundo sobre os pressupostos para que a meta visada pelos bispos na Assembleia Geral da CNBB, ao almejar um Igreja toda ela missionária, possa ser alcançada. E, mais ainda, examinar se certa crise que hoje experimenta-se na Igreja também aflorou na Assembleia e se ela evoca mudanças importantes para o futuro da Igreja.
Deste modo, os eixos principais do estudo configuram-se em quatro questões. Primeiramente surge o questionamento se a “Igreja de hoje” possibilita ou impede a existência de um autêntico sujeito eclesial. Em seguida, são abordados alguns questionamentos eclesiológicos que permitem e favorecem o surgimento de uma “mentalidade” necessária ao emergir do sujeito eclesial. Numa terceira parte, é analisado, sob o ponto de vista da organização social, as estruturas eclesiais requeridas para que o indivíduo na Igreja possa realmente alcançar esse status de sujeito. Na parte final, o autor aborda como a fé cristã, constitutivamente teologal, não pode prescindir da Igreja.
O brilho dos cristãos leigos e leigas
O volume 2 da coleção “Sal e Luz”, intitulado “O brilho dos cristãos leigos e leigas – “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14) é escrito por dom Severino Clasen, presidente da Comissão para o Laicato da CNBB. Em sua reflexão, ele busca despertar nos batizados o dom da fé, o dom do serviço, como discípulos de Jesus Cristo. No estudo, o bispo enfatiza que a verdadeira luz ilumina os corações e as mentes humanas, os preenche de entusiasmo, encanto, atraindo para o convívio todos os que desejam seguir a proposta de felicidade anunciada por Cristo.
Na primeira parte do volume apresentado por dom Severino, ele procura alertar que a comunhão de vida se encontra na participação da vida eclesial, sendo presença servindo nas pastorais e nos movimentos eclesiais. Na sequência, o bispo faz um alerta sobre a cultura e a educação, que de acordo com ele são espaços para desenvolver a fé e transformar com brilho a capacidade de criar, inventar e enfeitar o saber e a cultura humana. Em outra parte, dom Severino fala sobre a ação transformadora dos cristãos leigos e leigas na sociedade, quando esses participam dos conselhos paritários, das organizações sociais, testemunhando pelo conhecimento e pela consciência crítica, o diálogo fecundo e promissor, amenizando conflitos e alertando sobre atitudes de programas de exclusão na sociedade. Por último, dom Severino aponta que a paciência, a maturidade, a firmeza e a esperança são atitudes que favorecem a implantação da verdadeira luz de Cristo ao mundo.
Os fiéis também sabem: o sentido da fé (sensus fidei) na Igreja
O último volume lançado, o 3, é intitulado “Os fiéis também sabem: o sentido da fé (sensus fidei) na Igreja” e contou com a colaboração do presidente da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB, dom Pedro Carlos Cipollini. Nesse estudo, o bispo trata do documento publicado pela Comissão Teológica Internacional, em 2014, intitulado “O sensus fidei na vida da Igreja”, comentando-o e procurando explicitá-lo com o pensamento de outros teólogos, comparando-o com os demais documentos do Magistério e a vivência do povo fiel.
Na primeira parte é abordado o enfoque eclesiológico pelo qual foram tratados os temas no Concílio Vaticano II. O segundo capítulo apresenta a natureza do sensus fidei. O terceiro aborda várias aspectos do sensus fidei: o seu papel no desenvolvimento da doutrina e da prática cristã, as relações entre o sensus fidei e o Magistério e entre o sensus fidei e a teologia; bem como de alguns aspectos ecumênicos do sensus fidei. O quarto fala sobre os requisitos para uma participação autêntica no sensus fidei, e por último, sua aplicação prática.
A coletânea está disponível para venda no site da Edições CNBB: https://www.edicoescnbb.com.br