Balanço 2 anos DGAE 2019-2023: Secretário-geral da CNBB fala sobre a vivência da caridade na Igreja no Brasil

Em sua 57ª Assembleia Geral, realizada em Aparecida (SP), de 1º a 10 de maio de 2019, o episcopado brasileiro aprovou as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) para o quadriênio 2019 – 2023. As DGAE , foram publicadas pela Edições CNBB, na série Documentos da CNBB sob o nº 109.

Para o quadriênio 2019-2023, as diretrizes foram estruturadas a partir da concepção da Igreja como “Comunidade Eclesial Missionária”, apresentada com a imagem da “casa”, “construção de Deus” (1Cor 3,9). Em tudo isso, as Diretrizes – aprovadas pelos bispos do Brasil– convidam todas as comunidades de fé a abraçarem e vivenciarem a missão como escola de santidade.

Em um dos capítulos das Diretrizes, foi aprovada a ideia de buscar conformar a “ Igreja nas Casas”, entendida como “lar” para os seus habitantes, com acento nas perspectivas pessoal, comunitária e social da evangelização, inserindo no espírito da Laudato Si’, a perspectiva ambiental. Essa casa é a comunidade eclesial missionária que, por sua vez, é sustentada por quatro pilares: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária.

 

Balanço 2 anos DGAE 2019-2023

A partir desta terça-feira, 27 de julho, o portal da CNBB vai publicar uma série de matérias com o balanço da vivência, na Igreja no Brasil, das DGAE 2019-2023 após os dois anos de sua aprovação. O balanço será feito com o foco em cada um dos pilares que sustentam as diretrizes. Começaremos, primeiro, com o Pilar da Caridade. Quem nos ajuda a olhar ao que a Igreja no Brasil tem feito nos últimos dois anos nesta dimensão da caridade, é o bispo-auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado.

Dom Joel destaca que é um fato que a Igreja nunca deixou de viver a caridade, tão inerente à vivência da fé que nas comunidades, por todo o Brasil, sempre têm algum serviço na linha assistencial, promocional e sociotransformadora. Na avaliação do prelado, nessas três dimensões está a prática da caridade.

O secretário-geral da CNBB aponta que no último ano, em razão da pandemia, observa-se o crescimento da dimensão assistencial da caridade. “Aumentou o número de doações, especialmente de alimentos, tanto in natura, quanto prontos para o consumo. São as cestas básicas, no primeiro caso, e as quentinhas, no segundo”, exemplifica.

Um exemplo bem específico, de acordo com o bispo, está nos projetos apresentados ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS). “Esse ano, como é sabido, o fundo é ecumênico, por causa da Campanha da Fraternidade. O conselho gestor é formado por representantes da CNBB e do Conselho Nacional de Igrejas Cristas. Na primeira reunião que o Conselho fez este ano, verificou-se uma espécie de guinada nos projetos. Sempre foram projetos ligados à caridade, à solidariedade. Até então, porém, eram projetos ligados mais aos setores promocionais e sociotransformadores. Esse ano só chegaram projetos na linha assistencial e ligados à questão da insegurança alimentar. Eis aqui um indicativo da realidade e de como nossas comunidades se adequam à essa realidade, fazendo com que a prática da caridade acompanhe o que está sendo vivenciado”, analisa.

De acordo com dom Joel, a CNBB tem estimulado a vivência da caridade na Igreja no Brasil de muitas formas. Um deles, aponta, é o trabalho realizado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora de forma contínua nesse campo, abrangendo as três dimensões (assistencial, promocional e sociotransformadora). Outra ação apontada pelo secretário-geral da CNBB, que vem sendo desenvolvida desde o Domingo de Páscoa de 2020 para dirimir os impactos da pandemia da Covid-19, é a Ação Solidária Emergencial É Tempo de Cuidar desenvolvida pela CNBB e Cáritas Brasileira

“Em seus objetivos, essa Ação Emergencial deseja impulsionar, articular e animar. São três verbos importantes. Impulsionar diante do cansaço, do desânimo, que podem surgir depois de um tempo ajudando e não vendo a transformação da realidade. Afinal, já estamos há mais de um ano em pandemia e com a realidade social se agravando. Articular é um dos modos importantes para não desanimar, pois implica a união de forças. Temos falado tanto em redes. Também na caridade essas redes têm que ser construídas. A experiência e o sucesso de uns devem ajudar nas dúvidas e fragilidades de outros. Animar se refere especificamente a novas soluções diante de problemas novos. Em várias situações, não podemos simplesmente repetir as mesmas práticas que já deram certo em outros contextos”, compara.

 

Frutos da vivência da caridade na Igreja no Brasil

Segundo dom Joel, um dos frutos mais importantes dessa vivência da caridade é a perseverança e o fortalecimento das comunidades. “Ajudar os outros faz bem também a quem ajuda e, no caso da dimensão assistencial, em que se percebe muito de perto essa ajuda, em que os resultados são sentidos de imediato, fica ainda mais fácil perceber esse fruto”, explica.

Outro fruto, de acordo com o prelado, é o da articulação das comunidades com entidades e associações que não são originalmente católicas, nem religiosas algumas vezes. Segundo ele, a experiência, em várias regiões do Brasil, tem sido muito positiva, uma vez que a fome, por ser uma desventura humana, não tem confessionalidade, atinge a todos, de todos os credos, indistintamente.

Dom Joel destaca como um terceiro fruto a integração, na Ação Emergencial É Tempo de Cuidar, de outras entidades, além das duas que iniciaram a caminhada. “Hoje temos também a Conferência dos Religiosos do Brasil, a Associação Nacional de Escolas Católicas e o Movimento de Educação de Base. As cinco entidades juntas já fizeram momentos de estímulo à permanência na assistência diante da fome e até o final do ano são pensados outros momentos para que os três verbos ligados à Ação Emergencial possam ser colocados em prática”, conta.

Para o secretário-geral da CNBB, o pilar da caridade, assumido pelas DGAE 2019-2023, tem sido assumido mais na prática do que na teoria na Igreja no Brasil. “Não produzimos estudos nem documentos. Não tenho como dizer se o faremos mais adiante. No momento, contudo, é importante dizer que a caridade está acontecendo e não pode parar”, conclui.

Conheça, no link abaixo, a última pesquisa desenvolvida pela CNBB sobre o tamanho da caridade na Igreja no Brasil:

Pesquisa CNBB: Igreja no Brasil tem exército de caridade dedicado a ações sociais – CNBB

Fonte: CNBB