Congregações Marianas: 460 anos

Em 25 de março, Dia do Sim que dividiu a história da humanidade em um “antes” e um “depois”, as Congregações Marianas comemoraram seu 460º aniversário. Qual (is) segredo(s) de tanta longevidade? Uma associação assim “tão velha” não já caducou, não deveria ceder espaço para outras expressões religiosas? Podemos aventar algumas respostas e, ao mesmo tempo, deixar ao leitor a possibilidade de outras motivadas por sua experiência com/nas Congregações Marianas.

O Padre Emílio Villaret, SJ (1876 – 1952), principal historiador das Congregações Marianas, inicia seu livrinho “A Congregação Mariana: escola de santidade e de apostolado” (1936) com este esclarecimento: “No ano de 1563, um jovem professor belga do Colégio Romano, João Leunis, ajuntava, após  a aula os melhores dentre os alunos dos cursos inferiores. […] Desses meninos pretendia ele fazer apóstolos dos seus camaradas de colégio, apóstolos em suas famílias […] Era de esperar outrossim, reflexionava ele, sem dúvida, que dentre esses alunos, afeitos a uma virtude mais sólida, a uma piedade mais profunda, mais ativa, ao exercício do zelo, um bom número perseveraria fora do colégio e seria, por toda a parte aonde o levasse o destino, o levedo de que fala Jesus na parábola.”

Esses trechos dizem muito, ou quase tudo, do que se espera de uma(a) congregado(a) mariano(a) e, consequentemente das Congregações Marianas em todos os tempos, pois um sodalício é a soma dos membros: levedo (fermento) no meio da massa! Todos temos ideia das quantidades de trigo e de fermento que se misturam para se produzir o pão: a farinha, medida aos quilos, é transformada pelo fermento, medido por gramas. E o pão se faz e alimenta o corpo. Quem são o fermento, a farinha e o corpo? No contexto a que nos referimos são, respectivamente, o/a congregado(a) mariano(a), seu meio social e a Igreja.

O Padre Villaret (aquele que ofereceu sua vida para que as Congregações Marianas conservassem seu espírito genuíno) nos dá as dicas para se ter um bom fermento humano: virtude sólida, exercício de zelo e uma piedade não somente profunda, mas também ativa, ou seja, o congregado mariano não se consagra somente por devoção a Nossa Senhora, mas, sobretudo, para imitá-La no seu labor de fazer a mensagem de seu Filho conhecida e vivida. O Papa Francisco na Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho” nos ensina a viver essa realidade hoje: “aquilo que vocês descobrirem, o que os ajuda a viver e lhes dá esperança, isso é o que vocês devem comunicar aos outros.” (121)

E assim as Congregações Marianas viveram nesses 460 anos, sem envelhecer sua missão e espiritualidade que consiste em se formar na escola de Maria, a Mãe do Bom Conselho e, com bons discípulos, sermos missionários em nosso ambiente e em nosso tempo. Não somos missionários de um tempo caduco, mas sim de uma Igreja que é eterna e que avança no tempo. Nossos irmãos congregados que nos precederam conseguiram entender e viver isso, atentos às orientações dos Papas que se sucederam no sólio apostólico, em suas realidades concretas sob a orientação do seu bispo, em comunhão de ação com o seu pároco. Não somos um grupo fechado, mas abertos “aonde nos levar o destino”, prontos a “fazer o que Jesus nos mandar”, como nos pede a Mãe. Esse é o principal segredo de nossa longevidade, penso eu.

Congratulo-me com meus irmãos congregados marianos de todo o mundo por esse 460º aniversário, que é nosso. Salve Maria!

Alan José Alcântara de Figueiredo

* Texto publicado no Boletim “Salve Maria”, da Congregação Mariana do Carmo, Itu – SP, edição de março/2023.

**Congregado Mariano Diretor do Centro de Estudos Marianos da Bahia

 

Colaboração 
Congregação Mariana
São José do Rio Preto