Teve início na última quinta-feira, 18 de janeiro, o IV Congresso Nacional das Entidades Negras Católicas (Conenc), realizado pela Pastoral Afro-Brasileira. Até a próxima segunda-feira, mais de 70 líderes de grupos estarão reunidos em Maringá (PR) para “articular a Palavra de Deus e os documentos da Igreja para apontar caminhos”.
O arcebispo de Feira de Santana (BA) e referencial da Pastoral Afro-Brasileira, dom Zanoni Demettino Castro, fala sobre o IX Conenc a partir do chamado a reinterpretar a história da salvação com realce à presença do povo negro.
“No momento em que os Afrodescendentes ‘emergem agora na sociedade’, ‘assumindo uma atitude mais protagonista’, conscientes do poder que têm nas mãos e da possibilidade de contribuírem na construção de uma nova sociedade, justa e solidária, somos chamados a reinterpretar a história da salvação na perspectiva do Senhor libertador, que ouviu o clamor do seu povo e desceu para libertá-lo, que exalta os humilhados e derruba os poderosos de seus tronos, realçando a presença do povo negro e o seu protagonismo na construção do novo mundo de paz e de justiça”.
Para o encontro, que reúne participantes de vários estados do Brasil, do Amapá ao Paraná, foi elaborado um texto-base, no qual encontram-se os principais temas a serem debatidos e estudados nestes dias. De acordo com o coordenador do evento, padre Jurandyr Azevedo, serão apontadas estratégias para uma nova Pastoral Afro-Brasileira “de coragem”.
São alguns dos temas elencados para este Conenc: “A Palavra de Deus e o povo negro (os negros na Bíblia enquanto povo escolhido de Deus)”; “Religiosidade africana”; “Uma Pastoral Afro-Brasileira articulada para resgatar a fé e a esperança”; “Espiritualidades e espiritualidade cristã”; “Julgar (espiritualidades e espiritualidade cristã)”; “O povo negro e o cristianismo”; “Espiritualidade afro-americana e o agir (a transformação missionária da Igreja)”; “Caminhos de um outro rosto da Pastoral Afro-Brasileira)”.
Sobre o novo rosto negro na comunidade cristã, padre Jurandyr destaca que ele vem como serviço de unidade e comunhão e reconciliação, contra o mal da discriminação racial. “Com esse novo rosto, a Pastoral tem como proposta um espaço de ação e conscientização da Igreja e da sociedade para a realidade da população afro-brasileira”.
O salesiano também avalia que o movimento negro tem progredido significativamente na Igreja com o surgimento de novos grupos: “Isso revela a vitalidade e a sintonia dos seguimentos representativos da comunidade negra com as pessoas que lhe são solidárias”.
Ele também aponta para a necessidade de inovação na realidade desafiadora com tarefas e criatividade pastoral, como “elaborar ações que tenham incidência nos estados para a aprovação de políticas sociais e econômicas que atendam às várias necessidades da população e que conduzam para um desenvolvimento sustentável”.