Estudo da CNBB 115 é tema de formação

A Comissão Diocesana de Liturgia, com vistas no planejamento formativo de 2023, promoveu no último dia 14 de setembro, quinta-feira, na Paróquia São Francisco de Assis, um encontro formativo em nível diocesano acerca do Estudo 115 da CNBB, sobre as vestes litúrgicas. O objetivo foi promover um momento de reflexão, estudo e diálogo com os representantes de todas as paróquias e comunidades de nossa Diocese sobre o sentido, significado e valor das vestes nas ações litúrgicas para o louvor e glória de Deus e a santificação do ser humano. Também estiveram presentes os seminaristas de nossa Diocese, estudantes de Filosofia e de Teologia, alguns diáconos e padres.

O Pe. Thiago Faccini, mestre em Teologia Sistemática com especialização em Liturgia e diretor comercial da CNBB, assessorou este encontro que contou com mais de 800 participantes.

O Estudo da CNBB 115 apresenta a história das vestes litúrgicas desde seus primórdios e, principalmente, os detalhes das vestimentas que o sacerdote tem de portar em cada Celebração específica da Igreja. Também por meio das vestes sagradas, o ministro faz transparecer a beleza do Sacramento e, por isso, este tema é rico em simbologias e ensinamentos para a melhor vivência das Celebrações Litúrgicas. O livreto é dividido em três partes: “Aspectos Bíblico-teológicos”, “Aspectos Históricos” e as “Orientações e Observações Práticas”.

As vestes utilizadas pelos ministros nas celebrações litúrgicas originaram-se das vestes gregas e romanas. Nos primeiros séculos, a forma de vestir das pessoas foi também adotada para o culto cristão e esta prática foi mantida na Igreja. Como nos relata alguns escritores eclesiásticos, os ministros sagrados usavam suas melhores roupas, provavelmente reservadas para a ocasião, mas em nada diferentes da roupa dos demais participantes das celebrações.

Com o declínio do Império Romano, os costumes, e com eles também a forma de vestir dos novos povos que começaram a invadir os territórios dominados pelos romanos, foram introduzidos no Ocidente, levando a “mudanças na moda”. A Igreja, ao contrário, manteve essencialmente inalteradas as roupas usadas pelos sacerdotes no culto; foi assim que as vestes de uso cotidiano acabaram por se diferenciar das de uso litúrgico.

reforma litúrgica por sua vez, desejada e promovida pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), renovou não apenas a língua, os cânticos, a organização do altar, o púlpito, a forma da assembleia, o panorama iconográfico, sonoro e luminoso, mas também as vestes litúrgicas.

As normas e as disposições relativas às vestes estão presentes nos novos livros rituais. São disposições essenciais, no entanto, escassamente incisivas, pouco conhecidas e apreciadas.

Quanto à sua função, as vestes litúrgicas apresentam dois sentidos bem precisos:

1) a veste litúrgica é um sinal. Em um agrupamento de pessoas, temos a necessidade de localizar aquele que desempenha um papel específico. Na sociedade temos médicos, bombeiros, alunos com uniforme que identifica sua escola etc.; na liturgia temos bispos, padres, diáconos (todos eles ministros ordenados), mas também temos coroinhas, leitores, MECEs etc., que igualmente desempenham verdadeiros ministérios litúrgicos e que podem ser identificados pelas vestes que utilizam. Assim se expressa a Instrução Geral do Missal Romano: “Na Igreja, Corpo de Cristo, nem todos os membros desempenham a mesma função. Esta diversidade de funções na celebração dos sacramentos manifesta-se exteriormente pela diversidade das vestes sagradas, que por isso devem ser um sinal da função de cada ministro” (IGMR 335).

2) a veste litúrgica é um símbolo. Aquele que se reveste de algum paramento quer indicar que naquele momento ele não fala, age, preside ou realiza qualquer outro ato em nome próprio, mas que o realiza em nome de Cristo e por mandato da Igreja. Os diversos ministérios e carismas na Igreja têm seu fundamento em Cristo e no Batismo, sacramento que nos insere Nele. Desse modo, a veste comum a todos os ministros, sejam eles ordenados ou não, é a túnica branca, que longe de representar qualquer realidade clerical, quer resgatar a dignidade comum de todos os batizados, revestidos de Cristo, simbolizado pela veste branca recebida no dia do batismo e que “cresceu” com o batizado que se tornou ministro de Cristo e da Igreja, seja pelo ministério ordenado, instituído, confiado ou reconhecido pela Igreja.

A Instrução do Missal Romano prevê o uso da túnica por todos os acólitos, leitores e outros ministros leigos, ou outra veste legitimamente aprovada pela Conferência Episcopal em cada região (cf. IGMR 339). Com esta prescrição, o Missal Romano possibilita o uso das atuais formas de vestes para leitores que pelo Brasil tem se popularizado, inclusive como resposta de nossa cultura local à necessidade do uso de uma veste que possa distinguir os Leitores dos demais ministros sem “clericalizá-los” por meio do uso da túnica, comum aos ministros ordenados.

 

TEXTO
Pe. Alexandre Ferreira dos Santos
Assessor Diocesano de Liturgia

FOTOS
André Botelho
Pascom / Assessoria de Imprensa

 

 
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