Em 1981 começou a história que levou esta localidade balcânica a se tornar o destino de milhões de peregrinos. Em maio o Santuário de Medjugorje foi uma das etapas do Terço rezado em todo o mundo pelo fim da pandemia.
Era um início de tarde de verão e em um lugar remoto, precisamente na colina de Podbrdo, que tem vista para a aldeia de Bijakovici – hoje Bósnia e Herzegovina – quando alguns jovens começam a ver uma figura feminina luminosa que eles identificaram com a Virgem Maria. Era o dia 24 de junho de 1981. Desde então, nestes 40 anos, a história de Medjugorje tem se espalhado, em uma terra pobre, na época dominada pelo regime comunista. Os seis adolescentes, na época quase crianças, falaram das aparições de Maria que se apresentaria como a “Rainha da Paz”. A mensagem é basicamente um convite à reconciliação e à conversão.
Com o passar do tempo, esta remota localidade dos Bálcãs torna-se cada vez mais conhecida em todo o mundo, com milhões de peregrinos que se dirigem para lá todos os anos. Com longas filas de pessoas para confissão e multidões para adoração eucarística. Muitas são as histórias de conversão que também envolvem pessoas famosas, por exemplo, do mundo do espetáculo ou do esporte. Portanto são quarenta anos marcados por peregrinações, mensagens, conversões, reaproximação aos Sacramentos, admirações e também interrogações. E não se pode deixar de recordar que em Medjugorje começou uma história de fé para alguns, e a retomada para outros, com frutos que se manifestaram na mudança de vida, mesmo dos que estão distantes.
A Comissão de Inquérito
Para esclarecer os fatos, em 2010 Bento XVI organizou uma Comissão internacional de inquérito dentro da Congregação para a Doutrina da Fé, composta por 17 pessoas entre os quais cardeais, bispos, teólogos e especialistas, sob a presidência do Cardeal Camillo Ruini. Os trabalhos duraram quatro anos, no final dos quais foi realizado um relatório final, nunca publicado oficialmente, que foi entregue ao Papa Francisco.
Em relação a Medjugorje, respondendo a uma pergunta, durante a viagem de volta de Fátima em maio de 2017, o Papa lembrou que “todas as aparições ou alegadas aparições pertencem à esfera privada, não fazem parte do Magistério público ordinário da Igreja”. Ele também lembrou o trabalho da Comissão de Inquérito, distinguindo três aspectos. “Sobre as primeiras aparições, quando [os “videntes”] eram adolescentes, o relatório mais ou menos diz que se deve continuar a investigar. Em relação as alegadas aparições atuais, o relatório tem suas dúvidas” e “em terceiro lugar”, disse ele, “o cerne verdadeiro e próprio do relatório Ruini: o fato espiritual, o fato pastoral, pessoas que vão lá e se convertem, pessoas que encontram Deus, que mudam de vida… Para isto não há uma varinha mágica, e este fato espiritual-pastoral não se pode negar”.
O cuidado dos peregrinos
Portanto é forte a atenção à piedade popular muitas vezes manifestada pelo Papa. Em 2018, Francisco nomeou Dom Henryk Hoser, Arcebispo polonês, Visitador Apostólico com caráter especial para a paróquia de Medjugorje: um cargo exclusivamente pastoral, em continuidade com a missão de Enviado Especial da Santa Sé para a paróquia de Medjugorje, confiada a Dom Hoser no ano anterior e já concluída. “A missão do Visitador Apostólico – explicou a Sala de Imprensa do Vaticano – tem o objetivo de assegurar um acompanhamento estável e continuado da comunidade paroquial de Medjugorje e dos fiéis que ali vão em peregrinação, cujas necessidades requerem atenção especial”. Em 2019, em mais um sinal de atenção, o Papa Francisco decidiu autorizar peregrinações a Medjugorje, que a partir daquele momento podem ser organizadas oficialmente pelas dioceses e paróquias e não mais serão mais apenas de forma “privada, como era antes.
Oração e encontro
Sensibilidade para com os que visitam o Santuário é a mensagem que no ano passado Francisco enviou aos participantes do Festival dos Jovens, que se realiza em Medjugorje há 30 anos, no qual ele os exortou a “descobrir uma outra maneira de viver, diferente daquela oferecida pela cultura do provisório”. Estar com o Senhor, diz o Papa aos jovens, é, de fato, dar sentido à vida. Outro evento recente envolve a paróquia dedicada a São Tiago, em Medjugorje: este lugar foi escolhido como uma das etapas da “maratona” do Terço de maio, como desejado pelo Papa Francisco, pelo fim da pandemia e o reinício das atividades. Um “revezamento” de oração que envolveu, em maio passado, 30 lugares marianos do mundo e foi transmitido pela mídia do Vaticano. No dia 15 de maio foi o dia em que a recitação do Terço foi realizada nesta localidade da Bósnia e Herzegovina, com intenção especial pelos migrantes.
Também recorda-se que tanto a nomeação de Dom Hoser como a decisão sobre peregrinações não entram nas questões doutrinárias a respeito da autenticidade do relato dos seis visionários sobre o que aconteceu a partir de junho de 1981. O que emerge é que Medjugorje tem se tornado cada vez mais um lugar de agregação cristã: lugar de encontro, lugar onde se vive a piedade mariana e lugar, para muitos e muitos, ao longo dos anos, de retorno ao Senhor.
Reprodução – Vatican News por Debora Donnini