Comentando a passagem do Evangelho sobre a oferta da viúva no templo, no contexto de sua homilia da missa desta segunda-feira, celebrada na Casa Santa Marta, o Santo Padre chamou de doença o consumismo dos dias de hoje e afirmou que todo cristão é capaz do “milagre da generosidade”.
Segundo o Pontífice, no Evangelho de hoje, o Senhor quer nos dizer “outra coisa quando afirma que a viúva lançou mais do que todos porque deu “tudo quanto tinha para viver”. “A viúva, o órfão, o migrante, o estrangeiro eram os mais pobres na vida de Israel” a ponto que quando se queria falar dos mais pobres, se fazia referência eles. Esta mulher “deu o pouco que tinha para viver” porque confiava em Deus, era uma mulher das bem-aventuranças, era muito generosa: “dá tudo porque o Senhor é mais que tudo. A mensagem deste trecho do Evangelho é um convite à generosidade”, afirmou o Papa Francisco, que contou algumas histórias sobre a generosidade que presenciou durante sua vida.
“Pense. As pequenas coisas: façamos, por exemplo, uma viagem nos nossos quartos, uma viagem no nosso armário. Quantos sapatos tenho? Um, dois, três, quatro, 15, 20… cada um pode dizer. Demasiados… Eu conheci um monsenhor que tinha 40… mas se você tem tantos calçados, dê a metade. Quantas roupas que não uso ou uso uma vez por ano? É um modo de ser generoso, de dar o que temos, de compartilhar”, afirmou.
Depois falou de uma senhora que conheceu que cada vez que fazia compras “comprava para os pobres 10% do que consumia”. Ela dava o “dízimo” aos pobres, destacou.
Segundo o Papa Francisco cada um de nós pode fazer “milagres com a generosidade”.
“A generosidade das pequenas coisas, poucas coisas. Talvez não fazemos isso porque não pensamos. A mensagem do Evangelho nos faz pensar: como posso ser mais generoso?”
Um pouco mais, não muito… “É verdade, padre, é assim, mas… não sei porque, mas sempre há o medo…” Mas há outra doença, que é a doença contra a generosidade hoje: a doença do consumismo.
O Papa fez uma nova crítica ao consumismo, e convidou que cada um de nós pense na generosidade nas pequenas coisas, aquelas nos sobram, porém podem fazer falta a outros.
“Uma doença séria, a do consumismo, de hoje! Eu não digo que todos nós fazemos isso, não. Mas o consumismo, o gastar mais do que precisamos, uma falta de austeridade de vida: este é um inimigo da generosidade. E a generosidade material – pensar nos pobres, “isso posso dar para que possam comer, para que se vistam” – essas coisas, tem outra consequência: alarga o coração e o leva à magnanimidade.
Ao final de sua reflexão sobre o Evangelho de hoje, o Papa exortou os cristãos a percorrerem o caminho da generosidade, iniciando com um “controle em casa”, isto é, pensando “naquilo que não me serve, que servirá a outra pessoa, para um pouco de austeridade”.
Segundo o Santo Padre, no texto divulgado hoje na página oficial do Vaticano em português, é necessário pedir ao Senhor “que nos liberte” daquele mal tão perigoso que é o consumismo, que torna escravos, uma dependência do gastar.
“Peçamos esta graça ao Senhor: a generosidade, que alarga o nosso coração e nos leva à magnanimidade”, concluiu.
Fonte: ACI Digital