Nesta madrugada, em uma sessão histórica que durou 16 horas, o Senado da Argentina rejeitou o projeto do aborto livre. Dos 72 senadores, 38 votaram contra a despenalização do aborto, 31 votaram a favor, dois se abstiveram e houve uma ausência.
O projeto de lei buscava permitir o aborto livre até a 14ª semana de gravidez e até os nove meses de gestação em casos de violação, de risco à saúde da mãe e inviabilidade do feto. Além disso, proibia a objeção de consciência institucional. Com este resultado, o projeto foi fechado definitivamente neste ano legislativo e só poderia ser reaberto a um debate parlamentar em 2019.
Durante o debate, a ex-presidente e agora senadora Cristina Fernández participou para defender a sua promoção do aborto. Por sua parte, uma das encarregadas de encerrar as apresentações em favor da vida foi a senadora Silvia Elías de Pérez.
Elías de Pérez recordou que “nada justifica” que a vida esteja “à mercê de nada nem de ninguém”. Também advertiu que o projeto do aborto significava “instituir uma nova discriminação, entre aqueles que são desejados e aqueles que não são”.
Do mesmo modo, depois de assinalar que o Estado deve acompanhar a gestante, a senadora denunciou que durante os meses em que se distutiu o projeto “insultaram a todos nós que professamos a fé católica, como nunca havia acontecido na Argentina”.
“Realmente legalizar o aborto é admitir simplesmente o fracasso do Estado; é ignorar o trabalho de prevenção”, expressou.
Enquanto debatiam o projeto no Congresso, numerosos fiéis estavam na Catedral de Buenos Aires para celebrar a Missa pela Vida, presidida pelo Arcebispo local e Primaz da Argentina, Cardeal Mario Aurelio Poli.
Em sua homilia, o Purpurado reiterou que “o aborto sempre será um drama” e “está longe de ser uma solução”. Além disso, afirmou aos senadores que “confiamos que sempre legislarão para o bem comum, colocarão o melhor de suas experiências para proteger o direito à vida de todos, especialmente dos mais fracos e indefesos”.
O resultado da votação provocou diferentes reações em milhares de pessoas que esperavam do lado de fora do Congresso, apesar da chuva.
Milhares de simpatizantes pró-vida comemoraram o resultado fora da sede parlamentar e também nas redes sociais. No Facebook, por exemplo, Pe. Leandro Bonnin transmitiu ao vivo uma oração de ação de graças diante do Santíssimo Sacramento por este resultado em favor das duas vidas.
Por sua parte, os grupos pró-aborto fizeram fogueiras do lado de fora do Congresso para apaziguar o frio, mas depois de saberem o resultado, algumas dessas pessoas jogaram pedaços de madeira e papelão da fogueira para protestar. Este incidente terminou com a chegada da polícia.
Nas redes sociais, a Anistia Internacional Argentina, que é a favor do aborto, assinalou que os senadores “perderam uma oportunidade histórica de serem líderes dos direitos humanos” e anunciou que não descansará “até que seja aprovado o aborto legal”.
Depois do rechaço do projeto do aborto, o Poder Executivo enviará ao Senado, em 21 de agosto, o projeto de reforma do Código Penal, que incluiria entre seus mais de 500 artigos a proposta de que um juiz possa eximir de pena a mulher que pratique um aborto, e que também não seja punível em caso abuso sexual.
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