Família: “Amoris Laetitia” tem futuro, diz D. Carlos Azevedo. O bispo português D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício para a Cultura, falou para o Vatican News, a propósito do Encontro Mundial das Famílias e sobre o rumo da Pastoral Familiar.
Rui Saraiva – Porto
Está a decorrer de 21 a 26 deste mês de agosto em Dublin na Irlanda o Encontro Mundial das Famílias. A 9ª edição deste grande encontro das famílias católicas reúne cerca de 30 mil participantes e tem como tema: “O Evangelho da Família, alegria para o mundo”.
Vídeo-mensagem do Papa
O Papa vai estar presente neste Encontro no sábado dia 25 e no domingo dia 26. A propósito deste Encontro Mundial das Famílias o Santo Padre fez publicar na passada terça-feira dia 21 uma vídeo-mensagem.
“Como sabeis, o Encontro Mundial é uma celebração da beleza do plano de Deus para a família; é também uma ocasião para as famílias provenientes de todas as partes do mundo de se encontrarem e encorajarem em viver a sua especial vocação” – declara o Papa na sua mensagem.
“Agradeço a todos cordialmente. Peço a cada um que reze para que este Encontro seja um momento de alegria e também de serenidade, uma carícia do terno amor de Jesus por todas as famílias” – declarou Francisco na sua vídeo-mensagem.
Programa da viagem do Papa
O Papa participará dos eventos finais do Encontro em Dublin: no sábado, estará na Festa das Famílias no Croke Park. No dia seguinte, presidirá à Eucaristia de encerramento no Phoenix Park, onde estarão, segundo a organização, cerca de 500 mil participantes.
Na agenda de Francisco estão outros compromissos: o Angelus na Basílica do Santuário Mariano de Knock, em County Mayo, a cerca de 200 km de Dublin; uma visita a um centro de acolhimento para famílias sem-casa, administrado por frades capuchinhos; audiências com o presidente irlandês, Michael Higgins, e com representantes das autoridades, da sociedade civil e do corpo diplomático presente no país. Também no programa está preparado um encontro com os bispos irlandeses no Convento das Irmãs Dominicanas.
Esta viagem à Irlanda para o Encontro Mundial das Famílias é a 24ª viagem internacional do pontificado de Francisco. Recordemos que o Papa já participou no VIII Encontro Mundial das Famílias no ano 2015, em Filadélfia nos Estados Unidos da América.
Entrevista a D. Carlos Azevedo
A propósito do Encontro Mundial das Famílias de Dublin e sobre o rumo da Pastoral Familiar falou à reportagem do Vatican News o bispo português D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício para a Cultura.
P: Avizinham-se vários eventos, vários momentos importantes do pontificado do Papa Francisco, a começar já pelo Encontro Mundial das Famílias em Dublin, na Irlanda, neste mês de agosto. Vamos ter um sublinhar da Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”?
R: Certamente que sim. O Papa lançou uma linha pastoral que certamente é fiel, porque foi pensada e é aquela que tem futuro. Porque sem discernimento e acompanhamento das situações reais da vida das pessoas, nós não teremos capacidade de fazer o Evangelho incidir na vida concreta, transformar as situações e dar-lhes um sentido de felicidade. Isto é, a alegria do Evangelho.
P: Ainda não foram muitas as Conferências Episcopais que se tenham pronunciado de uma maneira mais solene e de maneira mais ativa sobre a aplicação da Exortação Apostólica. Em que ponto é que está, na sua leitura, a aplicação da Exortação, tão esperada e depois de dois sínodos?
R: Eu penso que as pessoas têm hoje a facilidade de diretamente ouvirem a mensagem do Papa sem quase passar pelas estruturas intermedias das Conferências Episcopais e dos bispos. Porque as pessoas ouvem o discurso do Papa ao vivo e em direto na televisão nas várias mensagens. Muitos leem e, sobretudo, grupos de casais nas conversas do dia-a-dia deixam passar essa mensagem. Portanto, a mensagem passa mesmo que não seja crivada pelas diferentes orientações. Eu penso que isso não deve deixar os bispos calados, nem parados, porque eles só lucrarão pastoralmente em ver que são postas em marcha as orientações que são fundamentais para a vida real das pessoas. Que é uma vida difícil, fruto do conjunto das circunstâncias sociais e económicas e da própria evolução social. Nós sabemos que a família é uma caixa de ressonância dos problemas da vida social de cada época. E com a vantagem de não haver uma certa hipocrisia de fazer de conta. As pessoas hoje são mais autênticas e realistas nos seus próprios problemas. E isso é preciso que seja evidenciado também na atitude pastoral.
P: Em breve vai sair (em Portugal) uma orientação dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM), ou seja, uma revisitação de todo o método. Isso é já uma aplicação concreta da Exortação?
R: Certamente que sim e é fundamental que haja uma atitude, como nós dizemos em relação aos incêndios, de previdência. Em relação aos matrimónios é preciso a preparação que é fundamental. E penso que a facilidade com que muito clero e muitas paróquias admitem ao matrimónio sacramento, sem uma preparação espiritual… Exigem-se seis anos para preparar um padre e exigem-se quinze dias para preparar um matrimónio! São sacramentos sérios, um e outro. Acho que aqui é preciso que não tenhamos medo de dizer que vivem amancebados enquanto não casam pela Igreja. Eu acho que devemos começar a perceber o sacramento do matrimónio como uma bênção para uma realidade que as pessoas assumem de modo sério. E não para uma paixoneta que ainda não tem maturidade espiritual e muito menos sentido cristão.
Era o bispo português D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício para a Cultura falando sobre o Encontro Mundial das Famílias de Dublin e sobre os caminhos da Pastoral Familiar.
Laudetur Iesus Christus