Neste mês de novembro, nos dias 21 a 28, temos um acontecimento muito importante para a vida da Igreja: a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, com o lema: “Somos todos discípulos missionários em saída”. Será uma Assembleia com participação híbrida, ou seja, presencial e remota, sob o olhar amoroso de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México.
Com esta Assembleia Eclesial, na sua origem, se quer reacender a Igreja de nova maneira, apresentando uma proposta restauradora e regeneradora; ser um evento eclesial em chave sinodal, e não apenas episcopal, com uma metodologia representativa, inclusiva e participativa; fazer uma releitura agradecida do Documento de Aparecida que possibilite gerenciar o futuro; ser um marco eclesial que consegue relançar grandes temas ainda em vigor, que surgiram em Aparecida e voltar a temas e agendas marcantes; reconectar as cinco Conferências Gerais do Episcopado Latino-americano e Caribe, ligando o Magistério Latino-americano ao Magistério do Papa Francisco.
Nossa Arquidiocese participou do processo de escuta na perspectiva sinodal, encerrado em 30 de agosto passado. Esta escuta constitui a base do discernimento e ajudará a guiar os passos futuros que, como Igreja na região e como Conselho Episcopal Latino-americano (Celam), devemos acompanhar o Jesus encarnado hoje no meio do povo. Junto com mais cinco Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, participarei remotamente da Assembleia.
Desde o dia 17 de outubro passado, estamos vivendo, com toda a Igreja, a Fase Diocesana do Sínodo dos Bispos 2021-2023, com o tema: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, conscientes de que a Igreja de Deus é convocada em Sínodo. Esta fase caracteriza-se pela ESCUTA.
Muito importante: os sacerdotes devem ouvir-se, os religiosos devem escutar uns aos outros, os leigos devem escutar uns aos outros. E então, todos escutam. Escute a si mesmo; falar e ouvir uns aos outros. Não se trata de reunir opiniões, não. Esta não é uma investigação; mas é uma questão de ouvir o Espírito Santo. Diz o livro do Apocalipse: “Quem tem ouvidos, ouve o que o Espírito diz às igrejas” (2,7). Ter ouvidos, ouvir, é o primeiro compromisso. É uma questão de ouvir a voz de Deus, captar sua presença, interceptar sua passagem e seu sopro de vida.
O Papa Francisco nos exorta: Interroguemo-nos, com sinceridade, neste itinerário sinodal: Como estamos quanto à escuta? Como está “o ouvido” do nosso coração? Permitimos que as pessoas se expressem, caminhem na fé mesmo se têm percursos de vida difíceis, contribuam para a vida da comunidade sem ser estorvadas, rejeitadas ou julgadas? Fazer Sínodo é colocar-se no mesmo caminho do Verbo feito homem: é seguir os seus passos, escutando a sua Palavra juntamente com as palavras dos outros. É descobrir, maravilhados, que o Espírito Santo sopra de modo sempre surpreendente para sugerir percursos e linguagens novos. Aprender a ouvir-nos uns aos outros – bispos, padres, religiosos e leigos; todos, todos os batizados – é um exercício lento, talvez cansativo, evitando respostas artificiais e superficiais. O Espírito pede para nos colocarmos à escuta das perguntas, preocupações, esperanças de cada Igreja, de cada povo e nação; e também à escuta do mundo, dos desafios e das mudanças que o mesmo nos coloca. Não insonorizemos o coração, não nos blindemos nas nossas certezas. Muitas vezes as certezas fecham-nos em nós mesmos. Escutemo-nos (Homilia na abertura do Sínodo na Diocese de Roma: 10/10/21).
Vivamos intensamente a Fase Diocesana do Sínodo dos Bispos e avancemos na vivência de uma Igreja sinodal: caminhemos sempre juntos.
Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano
Fonte: Boletim Informativo Igreja-Hoje
Novembro/2021