1º de abril é conhecido como o dia da mentira. Pode até parecer que não, mas o fato de termos um dia em comemoração à mentira expressa certa normalização do faltar com a verdade.
É muito oportuno neste dia falarmos de uma modalidade de mentira que tem feito estrago em diversos âmbitos da sociedade, lesando pessoas, grupos e instituições: as Fake News. Essa expressão, que ao pé da letra se traduz por “notícia falsa”, tem se tornado cada vez mais conhecida e discutida mundo afora. Consiste numa informação inverídica, mentirosa. E onde há mentira, há, como consequência, a confusão, a desinformação, a ignorância, a má compreensão, a discórdia e outras coisas piores.
Por trás de uma Fake News sempre há interesses escusos – políticos, ideológicos e vários outros – mesmo que consistam simplesmente em causar confusão. Os criadores e propagadores em massa desse material maléfico querem manipular as pessoas e levá-las a acreditar que aquilo que estão lendo, vendo, assistindo ou acessando, é verdade. Por sua vez, as pessoas que recebem esse material, sem se darem conta de seu teor mentiroso e maldoso, ajudam a disseminá-lo, principalmente por meio das redes sociais. E por que fazem isso? Porque as Fake News são maquiadas: elas se apresentam como se fossem verdades. Trazem supostos dados, personagens, fontes e estrutura textual que levam as pessoas a confiar no material que recebem. Hoje, até mesmo imagens e vídeos podem ser manipulados, distorcendo a realidade.
Diante disso, é preciso estar sempre alerta. Ao receber algum material, principalmente por meio de rede social, procure pela fonte, pelo veículo de comunicação e por alguém que assine a informação (repórter, especialista, autoridade, etc.). Descarte material que não traz esses elementos. Busque informações nos principais veículos de informação do país. Eles também estão sujeitos a veicular alguma Fake News por fatores como a devida falta de apuração ou a empolgação por um furo de reportagem. Mas, se veicularem esse tipo de material, logo serão capazes de reconhecê-los, se desculparem e trazerem a realidade à tona. E só passe alguma informação, notícia ou material para a frente se estiver convicto de que se trata de uma verdade.
Na comunidade cristã, encontramos não raramente a veiculação de Fake News entre nos fiéis: fofocas, falsos testemunhos, correntes de oração sem sentido que incutem medo nos fiéis… Quem nunca recebeu, por exemplo, uma corrente de oração que, no final, exigia que o material fosse repassado para X pessoas, caso contrário a ira divina se manifestaria em forma de castigo e penalidade? Isso é Fake News e, infelizmente, é muito comum.
Numa comunidade, as Fake News e a mentira, no sentido mais amplo do termo, lesam almas e atentam contra o espírito comunitário: divide, separa, segrega, desorienta, enfraquece a fé, esfria a comunhão e acaba com a unidade. Jesus nos diz que “veio para dar testemunho da verdade e que todo aquele que é da verdade escuta a sua voz” (Jo 18,37). Ele se revela também como “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Portanto, quem propaga mentira, Fake News, está trabalhando, mesmo que sem perceber, contra Jesus e o seu projeto salvador, contra a Igreja e a dilatação do Reino de Deus.
Estamos em ano eleitoral, um momento muito propício para propagação das Fake News. Quantos candidatos vão usar desse jogo sujo para alcançar interesses próprios ou dos grupos que representam. Não podemos cair nesse jogo e, pior ainda, levá-lo para dentro de nossas comunidades. Cristãos e verdadeiros cidadãos não jogam no time da mentira, porque a mentira é obra do Diabo e não está comprometida com o bem, com a justiça e com a fraternidade. O nosso jogo deve ser o da verdade, que transforma a realidade nua e crua tal como ela é.
Enfim, podemos até brincar nesse 1º de abril. Brincar mesmo! Mas saber, ao mesmo tempo, que mentira não é brincadeira. E Fake News, além do mais, é crime!