Cáritas Brasileira manifesta apoio a luta indígena e marca posicionamento contrario ao Marco Temporal;
Antes de existir o Brasil da coroa,
existia o Brasil do Cocar – Célia Xakriabá
A defesa da vida e do território dos povos indígenas não é uma escolha, mas sim um compromisso de quem se desafia a construir a sociedade do Bem Viver. A Cáritas Brasileira, prestes a completar os seus 65 anos de existência, tem na sua história e missão o posicionamento concreto em defesa da Casa Comum.
Essa opção de caminhada nos faz entoar as nossas vozes com os mais de 170 povos de todo o Brasil, que se encontram em Brasília entre os dias 22 e 28 de agosto de 2021 na maior mobilização nacional indígena da história do país desde a constituinte, na defesa de direitos e contra o chamado Marco Temporal, que ameaça a preservação e manutenção da nossa biodiversidade e da nossa história enquanto povo brasileiro. A mobilização foi iniciada como forma de pressionar o julgamento no STF que definirá o futuro das demarcações.
O direito ao território vai muito além de um direito à terra. É um direito à ancestralidade e à memória social, essa que nem sempre é escrita de forma leve e alegre. Determinar a demarcação do lugar de origem dos povos originários somente se a ocupação for antes de 1988 é negar a história escrita com sangue indígena e tomada às forças por um processo de colonização que dizimou muitas vidas. Além disso, defender o Marco Temporal significa silenciar os povos que reivindicam seu direito fundamental à terra, é apagar o caráter coletivo da posse indígena.
A aprovação do Marco Temporal é um retrocesso para o povo brasileiro e um avanço para um projeto de país que não reconhece a sua história e que escolhe um modelo desenvolvimentista violento e de morte.
Neste contexto, a Cáritas Brasileira declara o seu posicionamento ao lado das pessoas em que sempre se propôs a estar junto e de quem Jesus optou em caminhar. Ficamos ao lado da população indígena, dos povos originários, da mãe terra e do Bem viver.
Brasil, sua raiz é indígena.
Não ao Marco Temporal!
